terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Perigo de Escolher o Bom e Não o Melhor




Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Sl 106.15).

O evangelho coloca diante de nós Cristo e seu Reino em contraste com o mundo e suas atrações. Insta conosco para escolher. De fato, toda sua influência é direcionada para mostrar que a escolha é inevitável. Mas quando a vontade faz sua escolha eterna, e abre sua vida ao reinado e governo do Salvador, somente o primeiro passo na vida cristã foi dado. Existe diante de nós todo um caminho de peregrinação que teremos de percorrer com paciência na companhia do nosso Senhor.

E no decorrer deste caminho, sempre rondando nossos passos, existe a cilada sutil de se escolher um bem menor. Pois a vida é uma longa série de escolhas, escolhas que precisam ser feitas diariamente, entre aquilo que é supremo e superior e aquilo que é secundário, entre o que agrada a si mesmo e o que agrada a Deus.

O perigo mais comum não é o que muitos imaginam: desviar-se e cair no pecado. É antes a tentação que aparece com freqüência alarmante de escolher o bom ao invés do melhor; de escolher algo que tem inúmeros pontos a favor, mas que não é a vontade explícita de Deus para nós.

Quando nos comprometemos a qualquer outro curso de vida, que não seja de absoluta fidelidade ao bem superior, estamos nos posicionando lamentavelmente fora de contato vivo com Deus, que às vezes pode conceder-nos nossos desejos e, ao mesmo tempo, deixar nossa alma definhar-se.

Israel, a quem este texto nos Salmos se refere, foi um forte exemplo disso. O propósito de Deus para a nação era que não tivesse um soberano terreno; ele mesmo seria seu Senhor e seu Rei. Israel seria um exemplo e modelo ao mundo inteiro. Mas Israel se rebelou. O povo queria ser igual, e não diferente, das outras nações. Pediram um rei para guiá-los à batalha; queriam um monarca com toda sua pompa e esplendor.

Mesmo assim, Deus não os deixou para seus próprios desejos, nem os rejeitou. Com efeito, Deus disse a Samuel: “Muito bem; nomeie um rei para eles; não estão escolhendo o melhor, e vou permitir que tenham o bem inferior escolhido por eles mesmos. É a única maneira de mostrar-lhes a tolice do que estão fazendo.”

A história subseqüente da nação mostrou realmente o perigo de se escolher um bem inferior. Israel tinha uma posição geográfica crucial e visada por todos os povos que levantavam impérios. Desta forma, era mais importante ainda que estivesse sob a proteção de Deus. Mas escolheu um caminho diferente, e qual foi o resultado? Desastre após desastre em guerras e conquistas por outros povos. A terra foi dilacerada por dissensões e agitações e, finalmente, o povo foi retirado e levado ao cativeiro.

Se estas ilustrações de um princípio de vida puderem servir de alguma forma para nós, certamente seria para mostrar a ênfase que Deus dá nas escolhas que são feitas em cada crise moral e espiritual. É comum dizer que nossas escolhas atestam o nosso caráter, e que a direção em que a mente da pessoa vira involuntariamente mostra que tipo de pessoa é. A seriedade da vida é que cada dia somos testados a respeito dos fundamentos e inspirações vitais do nosso ser.

Há momentos quando somos tentados para seguir rumos em que ganho material e vantagem pessoal estão em primeiro lugar. Somos tentados a garantir para nós mesmos vantagens atuais, e para colocar conforto, facilidade e prosperidade como nossos objetivos principais. Perguntamos: “Não podemos tirar proveito máximo dos dois reinos?”

O perigo é, ao tentar conciliar as duas coisas, escolhermos o bem inferior. E, se isto acontecer, Deus não nos abandonará, pois ele nunca faz isso. Mas ele permite que a escolha inferior corrija nossa vontade própria, e nos conduza de volta ao lugar de obediência de todo coração ao Senhor.

A escolha de um bem inferior pode resultar no abafamento dos nossos instintos mais espirituais, na perda de uma comunhão mais íntima com Deus, e na ausência daquela divina parceria de poder em que Deus fortalece e usa as pessoas para sua glória.

É sempre um grande desafio de fé compreender o que é o melhor de Deus, mas quando o reconhecemos, traz a exigência imediata de uma resposta. Seguir a luz divina que vem para nos guiar, e submeter todas nossas escolhas à vontade de Deus, são os testes mais severos que a vida nos reserva. Mas feliz de fato é o homem cuja coragem não hesita, cujos ideais não são renegados, na hora da sua provação.

Toda nossa vida presente e o treinamento que temos aqui são apenas uma preparação para o serviço eterno. A escolha de um bem inferior sempre resultará no empobrecimento da influência presente; pois se um homem quiser exercer influência superior, ele deve viver em função das coisas superiores.

Sabemos de pais que se dizem cristãos, mas cuja escolha de um bem inferior se reflete nas vidas insatisfatórias dos seus filhos. Ao invés de buscarem primeiro o Reino de Deus, a perspectiva da sua vida no lar é influenciada em grande medida pelo mundo, pelas convenções da sociedade, e não pelas convicções do coração. E seus filhos pegaram uma medida muito inferior de Deus por causa desta imagem distorcida que os pais refletiram.

O Exemplo do Nosso Senhor

Tudo não é desalento, porém. Para nos aliviar no meio de todas estas advertências, temos sempre presente a inspiração da própria vida do Senhor – onde encontramos o mais forte apelo ao nosso coração para escolher o mais alto. Pois ao lermos o registro da sua vida, nos dias da sua carne, vemo-lo como aquele que sempre, coerentemente, escolhia o melhor de Deus. “Desci do céu, não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). “... o Filho do homem...não veio para ser servido, mas para servir...” (Mt 20.28).

E no fim da sua vida, quando o cálice estava cheio, amargo e pesado, ouvimo-lo no Jardim, ainda fiel ao propósito governante da sua vida redentora: “Todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36). E, escolhendo o melhor de Deus, ele bebeu o cálice até o fim.

Para os homens hoje, o melhor de Deus se expressa no chamado de Cristo: Segue-me. Segui-lo corajosa, coerente e lealmente é escolher a melhor e mais alta de todas as alternativas da vida.

J. Stuart Holden era um pregador anglicano e um dos palestrantes regulares das famosas Conferências Keswick na Inglaterra no início do século XX.

Oi, Jesus, é o Zé

Ao meio dia, um pobre velho entrava no templo e, poucos minutos depois, saía.Um dia, o pastor perguntou-lhe o que vinha fazer, pois havia objetos de valor no templo.

“Venho orar”, respondeu o velho.

“Mas é estranho que você consiga orar tão depressa”, disse o pastor.

“Bem”, retrucou o velho, “eu não sei recitar aquelas orações compridas. Mas, diariamente, ao meio dia, eu entro neste templo e só falo: ‘Oi Jesus, é o Zé’. Em um minuto, já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que ele me ouve.”.

Alguns dias depois, o Zé sofreu um acidente e foi internado em um hospital. Na enfermaria passou a exercer uma grande influência sobre todos. Os doentes mais tristes se tornaram alegres e muitas pessoas desprezadas passaram a ser ouvidas.

Um dia, a enfermeira chefe lhe disse: “Os outros doentes falam que foi você quem mudou tudo aqui na enfermaria. Eles dizem que você está sempre tão alegre...”

“É verdade, estou sempre alegre. É por causa daquela visita que recebo todos os dias, me trazendo felicidade.”.

A enfermeira ficou atônita. Já notara que a cadeira ao lado da cama do Zé estava sempre vazia. Ele era um velho solitário.

“Que visita? A que horas?”

“Diariamente, ao meio dia”, respondeu o Zé, com um brilho nos olhos. “Ele vem e fica ao pé da cama. Quando olho para ele, sorri e diz: ‘OI ZÉ, É O JESUS’!”
Não importa o tamanho da oração, mas, sim, a comunhão que através dela temos com Deus.

por J. Stuart Holden

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