sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AS BOAS OBRAS E O EVANGELHO


Com o intuito de mudar o foco das missões cristãs e assim desequilibrá-las, satanás tem tecido uma rede dominadora de enganos e mentiras. Tem elaborado todo um sistema de meias verdades tentadores para confundir a Igreja e assim assegurar que milhões de pessoas vão ao inferno sem conhecer e receber o evangelho. Eis aqui algumas de suas invenções mais comuns nos meios cristãos:

Primeiro: Como podemos pregar a alguém que tem o estômago vazio? O estômago do homem não tem nada haver com a condição de seu coração rebelde para com Deus. Segundo a Bíblia, tanto um homem rico na Quinta Avenida de New York como um mendigo nas ruas de Mumbai são rebeldes ao Todo-Poderoso Deus. Haver investido a maior parte do dinheiro das missões no trabalho social durante os últimos 100 anos tem dado como resultado essa mentira. Não estou dizendo que não deveríamos preocuparmos com o pobre e o necessitado. Senão que este assunto está fazendo com que percamos o foco principal de pregar o evangelho.

Segundo: O trabalho social (Suprir somente as necessidades materiais do homem) é um trabalho missionário. De fato, é o mesmo que pregar. Lucas 16:1925 nos relata uma história lamentável sobre um homem rico e Lázaro. Quais benefícios as possessões do homem rico lhe oferecia com relação a eternidade? Eles não têm valor que nos livre do inferno. Suas riquezas não puderam consolar aquele homem. O homem rico havia perdido tudo, inclusive a sua alma. E Lázaro? Ele não possuía nada pra que pudesse perder, porém ele havia preparado a sua alma. O que foi mais importante durante seu tempo na terra? O cuidado do “templo do coro” ou da alma imortal? “Pois o que aproveita ao homem, se ganha todo o mundo, e se destrói ou perde a si mesmo?” Lc. 9:25

É um delito contra a humanidade perdida ir em nome de Cristo ou das missões só para fazer trabalho social e descuidar da responsabilidade de se chamar ao arrependimento todos os homens, fazer que deixem seus ídolos e rebeliões, para seguir a Cristo com todo seu coração.

Terceiro: Não vão escutar o evangelho a menos que lhe ofereçam outra coisa primeiro. Tenho sentado nas ruas de Mumbai com os mendigos, homens pobres que estão morrendo rapidamente e ao compartilhar o evangelho com muitos deles, lhes digo que nada tenho em material para oferecer-lhes, porém posso lhes oferecer a vida eterna em Jesus Cristo. Começo a compartilhar o amor de Jesus que morreu por suas almas, lhes falei sobre as moradas na casa de Meu Pai (João 14:2) e que podem ir ali para não terem mais fome ou sede. “O Senhor Jesus enxugará toda lágrima de seus olhos”, digo, “Já não terão necessidade. Já não haverá mais pranto, nem clamor, nem dor.” (Ap. 7:16; 21:4)

Que alegria senti ao presenciar alguns deles abrirem seus corações depois de escutar que graças ao perdão de seus pecados podem-se encontrar-se com Jesus! Isso é exatamente o que a Bíblia ensina em Romanos 10:17: “... a fé vem por se ouvir a Palavra de Deus...”.

Trocar um prato de arroz pelo Espírito Santo a Palavra de Deus nunca salvará uma alma e, raramente mudará a atitude do coração de um homem. Jamais afetaremos o reino das trevas até que levantemos o nome de Jesus com toda a autoridade, poder e revelação que nos são mostradas nas Escrituras.

Em poucos países se reflete um fracasso mais óbvio do humanismo cristão como a Tailândia. Ali, depois que os missionários demonstraram uma maravilhosa compaixão social durante 150 ano, os cristãos só constituem dois por cento de toda a população.

Os missionários que se sacrificaram provavelmente têm feito, mas para modernizar o país do que qualquer outra organização. A Tailândia tem uma dívida com os missionários no avanço de sua alfabetização, as primeiras imprensas, universidades, hospitais, médicos e quase todos os benefícios educativos e científicos. Em cada área, incluindo o comércio e a diplomacia, os missionários cristãos colocaram em primeiro lugar as necessidades da nação anfitriã e marcaram o início do século XX. Enquanto isso, milhões de pessoas tem passado para eternidade longe de Jesus. Morreram com a melhor educação, governo, e saúde, porém sem Cristo e presos ao inferno.

Qual foi o erro? Estes missionários não estavam se dedicando o suficiente? Eram as suas doutrinas anti-bíblicas? Quem sabe eles não criam no inferno eterno ou no céu eterno? Careciam de treinamento bíblico ou simplesmente não saíam a pregar aos perdidos? Mudaram suas prioridades de estarem interessados em salvar almas para aliviar o sofrimento humano? Agora sei que é um pouco de todas essas coisas.

Enquanto estava buscando respostas para essas perguntas, conheci irmãos nativos pobres e com educação limitada, envolvidos na obra do evangelho em áreas pioneiras. Não tinham nada material para oferecer as pessoas as quais pregavam. Não possuíam treinamento agrícola nem ajuda médica, tão pouco programas educativos. Porém centenas de almas eram salvas, e em poucos anos, igrejas eram estabelecidas. O que estes irmãos estavam fazendo para obterem tais resultados, enquanto que outros com maiores possibilidades haviam fracassado?

A resposta está em saber basicamente de que se trata a obra missionária. As ações criativas não têm nada de mal, porém não podemos confundir isso com pregação do evangelho. Um programa de alimentação pode salvar um homem que morre de fome. A ajuda médica pode prolongar a vida de um enfermo terminal. Os projetos de construções de casas podem fazer desta vida temporal mais agradável, porém somente o evangelho de Jesus Cristo pode salvar uma alma de uma vida de pecado e uma eternidade no inferno.

Olhar nos olhos de uma criança com fome e olhar a vida desperdiçada de um viciado em drogas é ver somente a evidência de que satanás governa este mundo. Ele é o principal inimigo do ser humano, e fará todo o possível para matar e destruir toda a humanidade. Porém tentar lutar contra este astuto inimigo só com as armas físicas é como lutar contra um tanque blindado com pedras.

No período que o comércio havia se estabelecido nas ilhas Fiji, um comerciante ateu e cético chegou a ilha para fazer negócios. Estava conversando com o chefe de Figi e notou uma Bíblia e outras coisas religiosas na casa.

“que vergonha”, disse, “que vocês tenham escutado essas coisas malucas dos missionários.”

O chefe respondeu: “Você consegue ver aquela pedra branca e grande ali? Essa é a pedra que, há apenas alguns anos atrás, usávamos para golpear a cabeça de nossas vítimas e tirar-lhes o cérebro. Consegue ver o forno gigante? Há alguns anos usávamos ele para cozinhar o corpo de nossas vítimas antes de fazer um banquete com eles. Se não estivéssemos escutado o que tu chamas de coisas malucas dos missionários, te asseguro que a sua cabeça já estaria partida sobre a rocha e teu corpo sendo cozido no forno.”

Não existem registros da resposta desse comerciante a essa explicação com respeito a importância do evangelho de Cristo.

Quando Deus muda o coração e o espírito, o material também é transformado. Se você quer satisfazer as necessidades dos pobres desse mundo, não há melhor maneira de fazer do que através da pregação do evangelho. As boas notícias do reino têm feito mais para levantar o oprimido, ao faminto e ao necessitado que todos os programas sociais que os humanista seculares e religiosos tem imaginado.

Estas tremendas palavras de Jesus deveriam estar agarradas as nossas almas: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas porque recorreis mar e terra para fazer um prosélito, e uma vez convertido, os tornais duas vezes mais filhos do inferno.” (Mateus 23:15). A W Tozer colocou muito bem em sue livro Of God and Man: “Espalhar um evangelho frágil e deteriorado em terras pagãs não é levar adiante o mandamento de Cristo, isso é não ter entendimento algum sobre nossa obrigação com os idólatras.”

Antes que a China ser tomada pelo comunismo, um oficial comunista fez uma declaração reveladora ao missionário John Meadows: “Seus missionários tem estado na China por mais de cem anos, porém não tem conquistado a China para a causa de vocês. É triste porque existem milhões incontáveis que não escutaram o nome do Seu Deus. Tão pouco nada sabem de seu cristianismo. Porém nós comunistas, temos estado na China por menos de dez anos e não existe um só chinês se quer que não saiba... que não haja escutado o nome de Stalin... ou alguma coisa sobre o comunismo... temos chegado a China com nossa doutrina.”

“Agora deixe me dizer te porque vocês fracassaram e porque nós temos tido êxito”, continuou o oficial. “Vocês estão buscando conquistar a atenção das multidões construindo igrejas, missões, hospitais, escolas, e outras coisas mais. Porém nós os comunistas temos impresso a nossa mensagem e expandido nossa literatura por toda a China. Algum dia tiraremos seus missionários deste país, e o faremos através de uma página impressa”.

Hoje, é bem verdade, John Meadows esta fora da China. Os comunistas foram fiéis em sua proposta. Conquistaram a China e retiraram os missionários. De fato, naquilo em que os missionários fracassaram durante cem anos, os comunistas alcançaram em 10.

Um líder cristão disse que se a igreja houvesse investido tempo em pregar o evangelho como fizeram em construir hospitais, orfanatos, escolas, e asilos (mesmo que estes eram necessários) a cortina de bambu nunca havia existido.

A tragédia da China se esta repetindo hoje em outros paízes. Quando deixamos que uma atividade missionária se enfoque somente nas necessidades materiais do homem sem o equilíbrio espiritual correto, estamos pondo em prática um programa que finalmente fracassará.

No entanto, isto não significa que não possamos envolvermos em ministérios de misericórdia que estão voltados para os pobres, necessitados e famintos em todo o mundo.


Texto extraído do capítulo 12 do livro: "Revolución en el mundo de las misiones" K.P. Yohannan

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A cruz do passado, e a cruz do presente


Silenciosamente e sem que se apercebesse, uma nova cruz apareceu nesses tempos modernos tomando conta dos círculos evangélicos. É muito parecida com a velha cruz, mas só na aparência, porque é diferente: A semelhança é superficial, e a diferença fundamental. Dessa nova cruz apareceu uma nova filosofia de vida cristã e a partir dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica, um novo tipo de culto e de pregações. Esse novo evangelismo usa a mesma linguagem que o antigo, mas seu conteúdo já não é o mesmo e suas ênfases não são iguais ao velho evangelho.

A velha cruz não estava engajada com o mundo. Para a velha carne adâmica ela significava o fim de uma jornada. Carregava consigo a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana, ao contrário, é uma amiga e, se bem compreendida tornou-se a fonte de bem-estar, de beleza e de inocentes prazeres mundanos. Ela permite que o Adão viva sem interferências. As motivações de sua vida continuam a mesma; o homem não muda. Continua a viver para seu próprio prazer, com a diferença de que agora se deleita em cantar hinos e de ver filmes cristãos – os quais se tornaram substitutos das músicas do mundo e das bebidas. A tônica de sua vida continua o prazer – um prazer num nível mais elevado e intelectualizado.

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística totalmente diferente. O novo evangelho não exige que a pessoa renuncie à vida de pecado para poder receber uma nova vida. Ele não aborda os contrastes, mas as similaridades. Faz questão de mostrar ao seu auditório que o cristianismo não faz exigências e demandas desconfortáveis, ao contrário, oferece o que o mundo dá, apenas num nível superior. Os glamoures do mundo são substituídos pelos glamoures da nova religião que é um produto bem melhor.

A nova cruz não sacrifica o pecador, apenas o redireciona. Ela o conduz por uma vida mais limpa e alegre e preserva sua auto-reputação. Para o auto-determinado diz: Venha e tome uma determinação por Cristo. Ao egoísta proclama: Venha e se alegre no Senhor. Para o aventureiro, diz: Venha e descubra a aventura da comunhão cristã.

A mensagem cristã segue a moda em voga para ser aceitável ao público. A filosofia por trás dessa cruz pode até ser sincera, mas a sinceridade não encobre sua falsidade. É falsa porque é cega. Perde de vista completamente o sentido da cruz. A velha cruz é símbolo de morte. Está ali para dizer ao homem de forma violenta que sua vida chegou ao fim. No império romano quando alguém passava pelas estreitas ruas carregando uma cruz, já havia se despedido de todos os amigos. Não podia voltar atrás. Tinha de seguir até o fim.

A cruz não permitia acordos, nada modificava e nada preservava. Ela matava o homem completamente e para seu bem. A cruz não fazia acordos com sua vítima; ela agia de maneira cruel e dura, e quando sua tarefa terminava, o velho homem deixava de existir. A raça adâmica está condenada a morrer. Não há comutação ou substituição da pena nem escape.

Deus não aprova nenhum dos frutos do pecado, por mais inocente ou belo que pareçam aos olhos do ser humano. Deus salva o homem liquidando-o completamente pra depois ressuscitá-lo a um novo estilo de vida. A evangelização que traça paralelos amistosos entre os caminhos de Deus e do homem é falsa, anti-bíblica e cruel para as almas dos ouvintes.

A fé de Cristo não anda paralela com o mundo; ela o intercepta. Ao nos achegarmos a Cristo não elevamos nossa velha vida a um plano maior; nós a deixamos na cruz. O grão precisa ser enterrado e morrer, antes de ressurgir uma nova planta. Nós os que pregamos o evangelho devemos deixar de lado a ideia de que somos agentes do bom relacionamento de Cristo com o mundo. Não podemos alimentar a ideia de que fomos comissionados para tornar Cristo agradável aos grandes homens de negócios, à imprensa, à mídia, ao mundo dos esportes e da cultura. Não somos diplomatas; somos profetas, e nossa mensagem não é uma aliança, um acordo, e sim um ultimato.

Deus oferece vida, mas não a improvisação da velha vida. A vida que ele oferece é vida que nasce da morte. É uma vida que se posiciona ao lado da cruz. Todos os que a querem têm de passar sob a vara. Precisam negar-se a si mesmo aceitando a justiça de Deus sobre sua vida. O que dizer de uma pessoa condenada que encontra vida em Cristo Jesus? Como essa teologia pode ser aplicada à sua vida? Simples: O homem tem que se arrepender e crer. Ele precisa deixar para trás seus pecados e depois sentir-se perdoado. Não pode encobrir coisa alguma, defender-se e escusar-se.

O homem não pode tentar fazer acordos com Deus, tem que baixar a cabeça ante o descontentamento divino. Deve reconhecer que está disposto a morrer. Depois, espera e confia no Senhor ressuscitado, porque do Senhor vem a vida, o renascimento, a purificação e o poder.

A cruz que deu fim à vida terrena de Jesus põe fim ao pecador; e o poder que ressuscitou a Cristo dos mortos, agora ergue o pecador para sua nova vida com Cristo. Àqueles que fazem objeção a esse fato ou acham que é um ponto de vista estreito e particular da verdade, é preciso dizer que Deus estabeleceu sua marca de aprovação dessa mensagem dos dias de Paulo até hoje. Ditas ou não com essas mesmas palavras, este tem sido o conteúdo de todas as pregações que trouxeram vida e poder ao mundo ao longo dos séculos. Os místicos, os reformadores e os avivalistas deram ênfase à cruz, e sinais, milagres e maravilhas de poder do Espírito Santo são testemunhas da aprovação de Deus.

Será que nós, os herdeiros desse legado de poder podemos contender com a verdade? Será que podemos com nossos lápis (escritos) apagar a marca registrada ou alterar o modelo que nos foi mostrado no monte? Que Deus nos proíba! Preguemos sobre a velha cruz e conheceremos o velho poder.

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Autor: A.W.Tozer

Extraído de Man, the dwelling place of God (O homem, habitação de Deus), 1966.

Fonte: http://www.revivalschool.com

Nota do tradutor: Tozer, missionário da Aliança Cristã e Missionária, fundada por A.B. Simpson nasceu em 1897 e faleceu em 1963 aos 66 anos. Em 1950 (eu tinha quatro anos de idade) Tozer já detectava o problema da modernidade entre os evangélicos no artigo extraído de um de seus livros, que aqui traduzo.

Fonte: http://www.pastorjoao.com.br/123/?p=1301

Pastor João A de Souza