segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Miséria Teológica da Igreja Brasileira



Por Rui Luis Rodrigues

Sabemos que toda generalização é um convite ao erro. No entanto, desde que considerada criticamente, a generalização se presta como ferramenta não somente útil para nossa reflexão, mas até mesmo como recurso indispensável. É justamente este o uso que pretendo fazer de uma generalização que, considerada isoladamente, poderia parecer odiosa a muitos.

Refiro-me à miséria teológica vivida pela Igreja evangélica. O juízo negativo, obviamente, não desperta simpatias. Como falar em “miséria teológica” numa época em que se multiplicam tanto as instituições teológicas brasileiras quanto as publicações (incluídas, aqui, as mais diferentes “Bíblias de estudo”)? Mais ainda: de que igreja estamos falando? Evidentemente, não há uma Igreja brasileira, mas uma diversidade de corpos eclesiais cujos históricos e experiências são necessariamente diversos. A realidade teológica desses grupos é igualmente multifacetada.

Mesmo levando em conta essa diversidade, existem elementos suficientes para embasar uma análise de conjunto. Descontados os riscos da generalização, encontramos ainda solo firme o suficiente para falarmos em termos de um “estado geral” da reflexão teológica nas comunidades evangélicas brasileiras. Não tratarei, aqui, das honrosas exceções a esse panorama, mas apenas dos elementos que têm cooperado para formar, na minha opinião, esse quadro geral.

Testemunho eloquente de nossa miséria teológica poderia ser encontrado em nossas editoras: ainda é mínimo o número de títulos teológicos publicados por autores nacionais; dentre esses, é menor ainda o de trabalhos conduzidos com seriedade teológica. Em grande medida, o que temos são textos calcados em determinadas linhas doutrinárias denominacionais ou, então, produções que não vão além de repisar temas caros ao “grande público” evangélico.

Colonização teológica

O primeiro fator determinante de nossa miséria no campo da teologia encontra-se em nossa colonização teológica. A Igreja evangélica brasileira data do século 19 e, em sua maior parte, foi estabelecida por movimentos missionários oriundos dos países anglo-saxões. Boa parte desses movimentos enfrentou, na passagem do século 19 para o 20, controvérsias em seus locais de origem entre teologias “liberais” (ou seja, mais ou menos abertas aos problemas críticos da modernidade; o designativo “liberal” é de uma imprecisão absurda) e “conservadoras” (aquelas que se opunham à “abertura” dos “liberais”). Em geral, os movimentos missionários foram patrocinados por entidades que, de uma forma ou de outra, alinharam-se às facções conservadoras em suas denominações de origem.

Isso fez com que, logo de início, os grupos evangélicos brasileiros se definissem a partir de agendas “conservadoras”. Especialmente a partir da década de 1950, o Brasil tornou-se “campo missionário” para entidades fundamentalistas norte-americanas que entendiam como sua missão “salvar” a Igreja evangélica brasileira dos perigos do “liberalismo”. Assim, no início da década de 1950, as principais igrejas evangélicas do país foram visitadas, sucessivamente, pelo pastor francês Marc Boegner, representante do Concílio Mundial de Igrejas (visto como “liberal” pelo protestantismo autóctone), e pelo pastor norte-americano Carl McIntire, presidente do Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (International Council of Christian Churches ou ICCC), de tendência fundamentalista. As principais denominações conservadoras deram apoio à visita de McIntire, a ponto de considerá-la uma espécie de “cruzada” em prol da sanidade teológica do protestantismo brasileiro.[1]

Essa polarização não apenas operava distorções brutais ao trabalhar com rótulos imprecisos (“liberal”, “conservador”), mas ela também empobrecia o debate teológico, à medida que a pesquisa séria era rejeitada em função dessas mesmas rotulações vagas. Além disso, salvo poucas exceções, o mercado editorial evangélico esteve por muito tempo nas mãos de editoras ligadas a grupos denominacionais de tendências conservadoras; o que era publicado – e, consequentemente, colocado diante dos olhos do público leitor brasileiro – era fruto de um pesado controle ideológico.

Dicotomia entre teologia e devoção cristã

A esse quadro já deprimente, devemos agregar outros elementos. O movimento carismático, bem como todos os movimentos que lhe vieram na esteira (“neopentecostais”, “comunidades”, movimentos de “restauração da Igreja”; como sempre, designações assim são profundamente insatisfatórias), conservaram uma dicotomia básica entre teologia e devoção cristã. A primeira era vista ora na chave de um tradicionalismo ressequido, ora como manifestação de um “intelectualismo” inimigo da verdadeira devoção. Essa desconfiança em relação ao trabalho teológico – que, na prática, começou com os mesmos grupos “conservadores” norte-americanos que, em fins do século 19, saíram das Faculdades de Teologia e passaram a fundar seus “Institutos Bíblicos” – gerou frutos sinistros nos ambientes carismáticos: um desconhecimento profundo dos critérios teológicos mais simples, uma enorme incapacidade de fazer a “ponte hermenêutica” entre o “então” do texto bíblico e o “agora” da sua aplicação, um orgulho desmedido que enfatizava “novas revelações” e descartava como “ímpias” quaisquer críticas oriundas de uma reflexão teológica mais isenta.

Exemplos são abundantes nos meios pentecostal e carismático; lembro-me de que, cerca de 15 anos atrás, quando as comunidades evangélicas carismáticas eram varridas por fenômenos ligados a “restaurações dentárias”, uma pessoa tentou convencer-me de que a “base bíblica” para esses fenômenos estava em Amós 4.6, trecho em que lemos: “Também vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades”. Na ocasião, desconversei rapidamente, até porque não estava interessado em debater com a pessoa em questão; mais tarde, em casa, consultei o texto, no qual se percebe claramente que a “limpeza de dentes” é uma referência à fome experimentada pelo povo (isso fica claro não apenas pelo contexto mais amplo, todo o capítulo 4, mas até mesmo pelo restante do versículo 6, que diz: “e falta de pão em todos os vossos lugares, contudo não voltastes para mim, diz o Senhor”). Ou então, consideremos outro exemplo, um pouco mais complexo: boa parte dos textos do Antigo Testamento invocados pelos defensores dos ensinos de “batalha espiritual” deixaria de servir a esses propósitos se fossem analisados de forma acurada, a partir de uma exegese que considerasse o momento de seu surgimento e sua intencionalidade original.

Trata-se de exemplos típicos. Esse tipo de manuseio das Escrituras no qual encontramos lá apenas e tão somente o que queremos achar tem sido tristemente comum nos ambientes pentecostal e carismático. O grande crescimento das igrejas evangélicas nos últimos anos apenas potencializou esse estado de analfabetismo teológico: não apenas pastores de pequenas comunidades, mas líderes de projeção nacional manifestam uma ignorância teológica crassa. Gente sem formação prega e ensina, fazendo com que o analfabetismo teológico gere consequências imprevisíveis no seio das comunidades.

Como causas de nossa miséria teológica, temos, portanto, a desconfiança para com o trabalho teológico, especialmente aquele conduzido com rigor crítico e metodológico, e a força de antigas rotulações, em geral aplicadas a partir de pontos de vista ideologicamente comprometidos. Somadas, essas causas resultam num panorama em que, com poucas exceções, a reflexão teológica ou é francamente desestimulada ou é mantida dentro de limites fixados de antemão pelas lideranças denominacionais.

Nesse cenário, a própria questão da relevância ou não das “Bíblias de estudo” precisa ser repensada. Sem dúvida, os objetivos a que se propõem são louváveis; todavia, justamente por falta de preparo teológico, o uso desse material pode tornar-se contraproducente. A menos que desejemos tomar determinada “Bíblia de estudo” como infalível, devemos reconhecer que todas elas devem ser apropriadas criticamente; em outras palavras, numa Bíblia de estudo devem ser objetos de reflexão crítica não apenas as colocações mais abertamente teológicas ou “confessionais”, mas também as informações de natureza histórica e arqueológica (visto que estas também não representam dados isentos, mas estão, na maioria das vezes, atreladas a posicionamentos ideológicos e dependem das interpretações de seus formuladores). No entanto, esse tipo de reflexão crítica não é algo que fazemos de maneira automática; é preciso aprender a pensar criticamente. Transmitir essa habilidade deveria ser uma das funções de um bom curso teológico.

Em suma, apenas o trabalho teológico sério pode reverter a miséria teológica na qual fomos mantidos por muito tempo. Enquanto não rompermos a (falsa) dicotomia entre reflexão e devoção, e enquanto não superarmos os (falsos) rótulos que tanto assustaram no passado a Igreja evangélica brasileira, continuaremos vítimas do subdesenvolvimento teológico.

Rui Luis Rodrigues é teólogo e historiador. Vive em Osasco/SP com sua esposa e filho e participa da Comunidade Carisma. É autor de Realização do homem, realização de Deus: Ensaios de Teologia e Espiritualidade (Editora Reflexão, 2009) e de Deus ama o que é humano – E outros estudos de espiritualidade (Editora Reflexão, 2010).

Fonte: http://www.revistaimpacto.com.br/a-miseria-teologica-da-igreja-brasileira

sexta-feira, 17 de junho de 2011

24 Marcas da Maturidade


Por Joahannes Tauler (místico que influenciou Lutero):

1° Eles têm amor.

2° Eles são vazios de si mesmos.

3° Eles são totalmente entregues para Deus.

4° Eles não buscam a si mesmos.

5° Por não buscarem seus próprios objetivos eles obtêm verdadeiro contentamento.

6° Eles esperam em Deus para saberem o que Ele quer que façam e eles se esforçam ao máximo para cumprir a Sua vontade.

7° Eles, diariamente,abrem mão da suas vontades pela vontade de Deus.

8° Todas as suas capacidades são trazidas em sujeição a Deus.

9° Eles sempre tem o senso da presença de Deus em todas as coisas, quer doces ou amargas.

10° Eles recebem todo prazer e todo sofrimento não como advindas das criaturas de Deus, mas do próprio Deus.

11° Eles não se deixam cativar pela suas concupiscências por coisas criadas.

12° Eles nunca são movidos da verdade pela contradição ou infortúnios.

13° Eles não são enganados por falsas aparências mas consideram as coisas como realmente são, e isso num espirito de bondade e amor.

14° Eles estão armados com toda virtude, p rontos para lutar contra todo pecado e vício e obter a vitória e recompensa em todos os conflitos.

15° Eles observam o que Deus requer deles , ordenam suas vidas concordemente a isso e agem segundo aquilo que professam.

16° Eles são pessoas de poucas palavras,mas com muita vida interior.

17° Eles são irrepreensíveis e justos,mas não se ensoberbecem por causa disso.

18° Eles são retos e sinceros e pregam mais com suas ações do que com seus lábios.

19° Eles não tem nenhum outro alvo além da Glória de Deus.

20° Eles estão dispostos a serem repreendidos e abrirem mão dos seus direitos.

21° Eles não desejam sua própria vantagem e acham que as menores coisas já são boas demais para eles.

22° Eles se consideram menos sábios e dignos que outros homens e são humildes em tudo.

23° Eles copiam o exemplo do Senhor Jesus em todas as coisas e rejeitam tudo o que não é próprio para aqueles que seguem o Senhor.

24° E finalmente, se eles são desprezados por muitos, isso será muito mais bem vindo do que todo favor do mundo.

Via Angelo Bazzo.

Fonte: http://paoevinho.org/?p=7006

Deixe-me ser claro …


Por Frank Viola.


Deixe-me ser claro.

Há um preço a ser pago para que a vontade do Senhor se volte para sua igreja.

Você terá de lidar com algumas situações, como ser mal-entendido por aqueles que abraçaram o cristianismo espectador.

Você carregará as marcas da cruz e morrerá mil mortes no processo de se tornar, com outros crentes, uma comunidade íntima e acolhedora.

Terá de suportar a bagunça que é parte inerente do cristianismo relacional – abandonando para sempre a polidez artificial sustentada pela igreja organizada.

Não compartilhará mais do conforto de ser um espectador passivo.

Em vez disso terá de aprender lições de autoesvasiamento e como se tornar um membro responsável e prestativo de um Corpo que funciona…além do mais, terá de enfrentar a terrível oposição daquilo que certo escritor chamou de ‘as últimas seis palavras da igreja’ – “nós nunca fizemos deste modo antes.”

Você terá de experimentar a antipatia da maioria religiosa por recusar submeter-se à tirania do status quo.

E você incitará as mais severas investidas do Adversário que tentará sufocar o que representa um testemunho vivo de Jesus na sua vida… todavia, assim como o sofrimento que segue aqueles que tomam a estrada menos percorrida, os gloriosos benefícios de viver a vida do Corpo em muito supera o preço a ser pago.

O Senhor edifica sobre vidas quebradas; sua casa é constituída de despojos de combates (1 Co 26:27). Assim sendo, ‘saiamos até Ele, fora do arraial, suportando a desonra que Ele suportou’ (Hb 13:13). Pois é lá que talvez encontremos os batimentos do coração do Salvador”

Fonte: Reimaginando a Igreja via: Angelo Bazzo.

http://paoevinho.org/?p=6989

O Sangue


Por Watchman Nee:

O Sangue é para expiação e, em primeiro lugar, relaciona-se com a nossa posição diante de Deus. Precisamos de perdão dos nossos pecados cometidos para que não caiamos sob julgamento; e eles nos são perdoados, não porque Deus não os leva a sério, mas porque Ele vê o Sangue. O Sangue é, pois, primariamente, não para nós, mas para Deus. Se eu quero entender o valor do Sangue, devo aceitar a avaliação que Deus dele faz e, se eu não conhecer o valor que Deus dá ao Sangue, nunca saberei qual é o seu valor para mim. É só na medida em que me é dado conhecer, pelo Seu Espírito Santo, a estimativa que Deus faz do Sangue, que eu próprio aprendo o seu valor, e vejo quão precioso o Sangue realmente é para mim. Todavia, o seu primeiro aspecto é para Deus.

Através do Velho e do Novo Testamento, a palavra “sangue” é usada em conexão com a idéia da expiação, segundo creio, mais de cem vezes, e sempre, e em toda a Escritura algo que diz respeito a Deus. No calendário do Velho Testamento há um dia que tem grande significação quanto aos nossos pecados, o Dia da Expiação. Nada explica esta questão dos pecados tão claramente como a descrição daquele dia. Em Levítico 16 lemos que, no Dia da Expiação, o Sangue era tomado da oferta pelo pecado e trazido ao Lugar Santíssimo e ali espargiu sete vezes diante do Senhor. Devemos compreender isto muito bem. Naquele dia, a oferta pelo pecado era oferecida publicamente no pátio do Tabernáculo. Tudo estava ali à vista de todos, e por todos podia ser observado. Mas o Senhor ordenou que nenhum homem entrasse no Tabernáculo, a não ser o sumo sacerdote. Era somente ele que tomava o sangue,e, entrando no Lugar Santíssimo, o espargia ali para fazer a expiação perante o Senhor. Por quê? Porque o sumo sacerdote era um tipo do Senhor Jesus na Sua obra redentora (Hebreus 9.11- 12), e, assim, em figura, era o único que fazia este trabalho. Ninguém, exceto ele, podia mesmo aproximar-se da entrada. Além disso, havia relacionado com a sua entrada ali, um único ato: a apresentação do sangue a Deus como algo que Ele aceitara algo em que Ele Se satisfaria. Era uma transação entre o sumo sacerdote e Deus, no Santuário, fora da vista dos homens que se beneficiaram dela. O Senhor exigia-o.

O Sangue é, pois, em primeiro lugar, para Ele. Mas, anteriormente, encontramos descrito em Êxodo 12.13, o derramamento do sangue do cordeiro pascal, no Egito, para redenção de Israel. Este é, creio um dos melhores tipos, no Velho Testamento, da nossa redenção. O sangue foi posto na verga e nas ombreiras das portas, enquanto que a carne do cordeiro era comida no interior da casa; e Deus disse: “Vendo Eu sangue passarei por cima de vós”. Eis outra ilustração de o sangue não se destinar a ser apresentado ao homem, e, sim, a Deus, pois que o sangue era posto nas vergas e nas ombreiras das portas, de modo que os que se encontravam em festa dentro das casas não pudessem vê-lo.

Deus está satisfeito

É a santidade de Deus, a justiça de Deus, que exige que uma vida sem pecado seja dada em favor do homem. Há vida no Sangue, e aquele Sangue tem que ser derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o Sangue seja apresentado com o fim de satisfazer a Sua própria justiça, e é Ele que diz: “Vendo eu sangue passarei por cima de vós”. O Sangue de Cristo satisfaz Deus inteiramente.

Talvez esteja errado; sinto, porém, com muita convicção, que há entre nós quem pense desta maneira: “Hoje fui um pouco mais cuidadoso; hoje procedi um pouco melhor; esta manhã, li a Palavra de Deus com mais fervor, de modo que hoje posso orar melhor”. Ou, então: “Hoje tive algumas pequenas dificuldades com a família; comecei o dia sentindo-me muito melancólico e deprimido; não me sinto muito animado agora; parece que algo não está bem; não posso, portanto, me aproximar de Deus”. Afinal de contas, qual é a base em que você se aproxima de Deus? Aproxima-se dEle na base incerta dos seus sentimentos, o sentimento de que hoje se realizou algo para Deus? Ou baseia-se a sua aproximação de Deus em algo muito mais seguro, ou seja, no Sangue derrama do no fato de que Deus olha para aquele Sangue e Se dá por satisfeito?

Fonte: A Vida Cristã Normal.

DE QUE IGREJA VOCÊ É?



A pergunta acima tem vindo constantemente sobre o meu espírito desde que a ouvi no início da semana. Ela surgiu no domingo passado quando uma pessoa que se converteu a Jesus Cristo através de trabalhos e esforços de discípulos na Terra Prometida, e que por algum motivo, havia entendido que eu era membro de uma congregação denominacional aqui em Campos. Ao chegar lá e me procurar sem êxito, ela encontrou outras duas irmãs e perguntou onde eu estava, pois ela queria fazer parte da igreja de que sou membro. Com certeza, para esta senhora parar nessa congregação, em um bairro muito distante da casa dela, ela devia estar com necessidades, ou precisando de alguma coisa, mas isso não foi perguntado. Na verdade a resposta dada por uma das irmãs foi a seguinte: “pergunta a ele de que igreja ele é!”. Isso a princípio me chocou, pois quando me refiro a essa irmã, e talvez essa foi a confusão da pobre senhora ao me confundir como membro desta denominação, eu me refiro a ela como pessoa da mesma igreja de Cristo, o corpo vivo onde barreiras denominacionais não nos podem afastar, onde um sangue foi derramado para derrubar todo muro de separação e nos reconciliar com Deus. É dessa igreja que penso fazer parte.

Essa experiência serviu para ligar o alerta no que diz respeito a plantação de igrejas, e o fazer discípulos por onde o Senhor da Seara nos tem enviado. A pergunta é: Que Igreja nós temos apresentado as pessoas? Ou melhor, Que tipo de evangelho nós temos apresentado?

Qual foi a ordem de Jesus com relação ao fazer discípulos e plantar igrejas?

Com certeza, como escreveu o nosso irmão Ivan Baker : O Senhor não disse: “Ide e fazei reuniões em todas as nações”, mas sim “fazei discípulos em todas as nações”. Onde nós erramos?

Por que queremos ser mais espertos, estratégicos do que a Palavra de Deus? O que a Bíblia diz sobre a Igreja de que fazemos parte? Será que isso ainda é importante hoje?

É surpreendente como que pessoas tementes a Deus ainda crêem que uma igreja diferente do que Jesus Cristo instituiu é fundamental para o crescimento de um discípulo.

Jesus, melhor do que ninguém pode nos dar exemplo de como Ele lidou com as sinagogas, uma espécie de congregações de seu tempo. Ele estava lá, como costume de todo o bom judeu, lendo, conversando, discutindo e tudo ia as mil maravilhas, até que ele resolve ler a profecia de Isaías 61. “Blasfêmia!” . Jesus a partir dali, daquele encontro, Ele não era mais bem vindo entre os judeus. Independente disso Ele focou no chamado do Pai para a Sua trajetória enquanto na Terra.

O que quero dizer com esse exemplo é que essas sinagogas eram bem vindas até o momento em que elas cooperavam com a Lei de Deus, porém a partir do momento em que eles rejeitaram de forma clara O Verbo Vivo, não havia mais motivos para a existência delas, por mais que ainda até os dias de hoje elas existam.

Quando falamos de Igreja, logo nos vem a mente algum templo, quer católico, Batista, pentecostal, mas nunca o corpo Vivo de Jesus Cristo, e isso é algo para nós prestarmos bastante a atenção, pois Cristo ou qualquer outro apóstolo jamais chamaram de igreja qualquer PRÉDIO, ou qualquer outro local. E como podemos chamar de igreja um lugar ou prédio quando Deus não o faz assim? Como podemos nos gabar de pertencer a Igreja por simplesmente fazermos parte de uma denominação ou instituição religiosa, quando o nosso Gloriar deve ser no Senhor e em seus feitos. Como podemos por a nossa confiança em estar cobertos de todo mal por simplesmente termos um homem sobre nós e ainda dizer que Deus o instituiu para isso?

Houve uma época nas escrituras em que o povo de Deus desejou ser igual as nações, e por isso “exigiu” um rei tal como as nações ao redores tinham. Deus lhes permitiu ter Saul, abriram mão de serem dirigidos por Deus para estarem sujeitos a um homem. Nem preciso falar do prejuízo. E será que nós não aprendemos a lição?

Meus irmãos, eu não posso chamar de Igreja aquilo que Jesus nunca chamou, e se esse é o meu pecado, prefiro “errar” por simplesmente desejar viver de acordo com o que as Escrituras dizem, ou pelo menos nos fornecem como princípio do que por confiar em uma tradição humana, terrena e vazia.

Outro ponto para identificarmos a Igreja de Jesus está nos sinais que ele próprio nos forneceu pela Palavra.

Peço permissão para citar novamente um comentário do Ivan Baker sobre o seguinte tema: “a igreja é formada por discípulos”:

Quero insistir sobre o evangelho que pregamos, pois é ele que irá produzir a classe de

discípulos que queremos, ou seja frutos permanentes. A porta deve ser estreita, pois quem

entrar não quererá sair pelos fundos.

Discípulos são aqueles que amam a Cristo acima de qualquer coisa, são mansos e dóceis ao

ensino da palavra. Não são como cabritos, mas sim como ovelhas. É gente que frutifica, não

é gente que se senta nos bancos para ouvir boas mensagens.

Jesus nunca apontou os sinais de poder e maravilhas como característica de seus discípulos,

mas sim o amor. Há diferença entre sinal acompanhante e evidência que caracteriza.

Embora Jesus tenha dito que os sinais acompanham os que crêem nele, não disse que a

característica de um discípulo é que seja acompanhado por sinais, isto porque ele sabia que

estes sinais de poder também seguiriam os que não eram seus discípulos (Mt 7.22-23; 1 Ts

2.9).

Quero que o poder carismático acompanhe o meu ministério, mas isto nunca será para

mim, uma evidência que me caracteriza como discípulo de Cristo.

Somente o amor é uma característica definitiva.

O diabo pode imitar os sinais e prodígios, o esforço e a dedicação, o zelo e muitas outras

coisas. Só não pode imitar o amor!

O discipulado está baseado nisto: um coração entregue ao Senhor.”


Concordo com ele plenamente quando afirma que só pode ser chamado de Igreja, um grupo que é composto por discípulos que possuem coração de servo, mas muitas vezes somos coniventes com os que se dizem discípulos e vivem suas vidas servindo a si mesmo, que não tem compromisso algum com a Palavra de Deus, são insensíveis com o próximo, e não possuem o Espírito de Deus.

Jesus não agiu assim. Sempre que estava entre esse tipo de gente que se dizia filho de Abraão, porém que seus frutos diziam o contrário, Ele os chamou de filhos do diabo. Mas e nós? Somos políticos e quando alguém que não tem nada de Deus afirma ser Cheio do Espirito Santo, nós sorrimos e dizemos: “amém!” da forma mais hipócrita possível, pois “queremos a paz”, e ainda “não sabemos o que vai no coração daquela pessoa, pois só Deus sabe!”. Isso é hipocrisia gente!

A prova de amor que Jesus deu aos Judeus além de Sua morte e ressurreição, foi sempre denunciar seus pecados, pois isso era inevitável que eles convivessem juntos, sem que uma das partes abra mão de seus conceitos. Caso Jesus desejasse viver no contexto das sinagogas entre os religiosos e doutores da lei, Ele deveria ser conivente com tudo o que Ele via de errado sem poder falar nada, porém quem iria sofrer com isso era o povo.

Meu caro, com você não é diferente, se você faz parte de um contexto denominacional em nossa nação e se depara com injustiças e isso não mexe com você, tome cuidado! Ou você esta sendo conveniente com a indiferença, ou já é um deles que rejeitam ao Senhor.

Todo contexto denominacional no Brasil está condenado? Não posso afirmar isso. Porém me desculpe os críticos, mas eu faço parte do contexto religioso na cidade de Campos dos Goytacazes a 32 anos. Conheço muito dos tipos de liderança que existem entre nós, e que na maioria das vezes buscam beneficiar a si mesmo. Fui punido várias e várias vezes por simplesmente discordar dessas injustiças, e por não me submeter a propostas financeiras imorais que nem penso em comentar com ninguém. Nunca fui convidado a sair da chamada igreja por conta de pecado e sim por que confrontei pecado, por não me vender. E eu é que não sei de que igreja faço parte?

As pessoas estão acostumadas ao seu conforto estrutural, precisam aliviar as suas consciências aos domingos, para que vivam as suas vidas independentes durante a semana. Se esquecem que Deus é tão presente no domingo quanto na quinta feira. Isso é tolerável, isso é viver como igreja?

A igreja verdadeira deve ser aquela que tira cestas básicas do pobre, pois tem que reformar o prédio do encontro dominical? È desse tipode igreja que devo participar?

Ah! já sei! Eu tenho que me iludir achando que sou o Salvador da pátria e que através de minhas atitudes eles vão mudar... Nem o meu Mestre fez isso! Ele simplesmente denunciou, foi expulso do meio deles e seguiu para os pobres e rejeitados da sociedade.

Igreja verdadeira deve ser aquele que prega a injustiça a divisão nos púlpitos ao invés de simplesmente pregar Jesus e esse Crucificado?


Como o irmão Wágner leu esta semana em um de nossos encontros, uma paráfrase de um texto em Atos 2, quero postar aqui também:


O modelo de igreja que o Senhor quer é a que esta em Efésios 5 para isso precisamos voltar a ser a igreja de Atos 2. nos temos a aversão de atos 2 qual delas vivemos neste tempo

“ e a cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos”

Enquanto que:

Louvando a Deus

Partiam o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração

Perseverando unânimes todos os dias no templo

Vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um

Todos os criam estavam unidos e tinham tudo em comum

Em cada alma havia temor

Muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e na orações

Deus quer uma igreja que tenha temor - crescimento para cima – temor de Deus, milagres e prodígios acontecem a partir daí.

Crescimento para dentro – v 42, comunhão, perseverança

Igreja que cresça para fora – v 47, louvando a Deus e caindo na graça de todo povo”

Porque vemos isso como Utopia será que é porque nos acomodamos com a aversão desse tipo de igreja?

“ E dia algum era acrescentado pelo Senhor pessoas que iam sendo salvas, (pois na verdade queremos discípulos dedicados a denominação e isso um discípulo não conseguiria suportar.). Enquanto que não louvavam a Deus, Não partilhavam o pão e não eram simples de coração, não perseveraram unânimes dia algum nem no templo ou nas casas, (pois todos os dias no templo ou nas casas? Tá de brincadeira né, eu tenho os meus afazeres!) Todos os que dizem crer não estavam juntos, e nada tinham em comum, em alma alguma havia temor. Prodígios? Sinais? O que é isso?

E não perseveraram na doutrina dos apóslolos (e sim denominacionais), Não partilhavam o pão (somente as más conversações), Não perseveraram na comunhão (pois cada um tem o seu lado individual), Muito menos nas orações (pois orar não é preciso). Esta igreja, nunca caiu na graça do povo, quanto mais de Deus!



Bem, de que Igreja você faz parte?



No amor de Cristo...

Luciano Couto

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Carta de John Wesley a John Trembath (17/08/1760)


John Trembath,

O que tem prejudicado a sua vida no passado e, lamento dizer, até hoje, é a sua negligência quanto à leitura. Negligência tal que, por sua vez, chega a prejudicar até o próprio desejo de ler.

Dificilmente me recordo de um pregador que leia tão pouco. Eis a razão porque seu talento em pregar não aumenta. Você continua pregando como pregava há sete anos; com emoção, porém sem profundidade.

Falta variedade e conteúdo.

A leitura poderá preencher estas lacunas com meditação e oração diária. Você prejudica a si mesmo em omitir tal prática.

Desprezo à leitura impede alguém de ser um pregador maduro. Até para ser um cristão íntegro é mister a leitura adequada. Queira Deus que começasse logo!

Separe uma parte do dia para este exercício. Assim adquirirá o sabor por aquilo que faltava; o que parece monótono no início se tornará com o tempo um prazer.

Com ou sem disposição leia e ore diariamente. É para a sua própria vida; não existe outro caminho.

Faltando isso será para sempre um pregador superficial.

John Wesley
Em 17 de agosto de 1760

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O maior inimigo do pastor


"Eu mereço mais que essas pessoas!"

O maior inimigo do pastor é o orgulho, e ele é especialmente perigoso para jovens pastores (I Tm 3.6). Causas particulares para o orgulho

Dons Públicos. Como seus dons são exercidos publicamente (ao contrário daqueles que são mais privados e não são vistos nos diversos ministérios), eles tendem a ser mais reconhecidos, admirados e louvados.

Status Oficial. Como muitos do povo de Deus respeitam e honram o ofício do pastor (algumas vezes sem se preocupar com quem o faz), você tende a pensar que é você a quem eles honram e respeitam. Antropocentrismo. Quando as pessoas são abençoadas sob seu ministério, elas constantemente atribuirão a benção a você, e não a Deus.

Ideias Mundanas de Liderança. Você se vê “no comando de todas essas pessoas”, ao invés de servo delas.

Inexperiência. É típico da Igreja colocar jovens não testados e inexperientes em posições de alta responsabilidade sem passar pela “escola de duras pancadas da humildade”. Talvez sem nunca terem sido liderados, eles nem sabem liderar também.

Entendimento Ruim do Chamado ao Ministério. Paulo não via o ministério pastoral como um prêmio que ele tinha conquistado. Para Paulo, isso era obra da graça, um presente imerecido, assim como a salvação (Ef 3.8).

As Consequências Pastorais do Orgulho

Se você cai em orgulho, haverá sérias consequências no seu ministério.
Você começará a depender dos seus dons, em vez de depender de Deus.
Você irá se tornar impaciente com seus irmãos menos dotados do seu ministério ou entre os presbíteros.
Você se tornará negligente e insensível com os costumes e tradições do passado.
Você resistirá à critica pessoal e conselhos maduros.
Você ficará descontente e desestimulado porque “eu mereço mais que essas pessoas!”.
Você se considerará acima dos trabalhos pequenos e corriqueiros da congregação.
Você parará de aprender porque, afinal, já sabe mais do que qualquer um. Você pode cair na “condenação do diabo” (I Tm 3.6). A Cura Pessoal do Orgulho
Deixe essas duas frases serem as batidas do coração do seu ministério

1. Eu sou um pecador.

Lembre-se de quem você era (pense nos pecados dos quais você foi liberto)
Lembre-se o que você poderia ser agora (Se Deus não tivesse alcançado você)
Lembre-se de quem você é (desvende seu próprio coração)
Lembre-se de quem você ainda poderia ser (se Deus removesse sua graça contentora)

2. Eu sou um servo

Um servo de Deus (não independente, mas dependente de Deus para liderar, comandar e abençoar)
Um servo do povo de Deus (não seu senhor ou soberano)
Um servo de pecadores (não despreze os não-salvos, mas fique de joelhos por eles)
Um servo dos servos (não concorra com outros pastores, mas sirva-os)
Um servo do Servo (aquele que diz, “Está no meio de vós aquele que serve” e “o servo não é maior que o seu Mestre”).

Por:
DR. DAVID MURRAY
Traduzido por Rafael Bello
Fonte: