quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Constantino e a institucionalização da Igreja


Recentemente, minha esposa e eu estivemos por alguns dias na cidade de York, Inglaterra. Lá vimos uma estátua de Constantino erigida bem ao lado da principal catedral da área – a York Minster. A despeito de sua impressionante beleza, a catedral nos lembra de como as pessoas se afastaram do propósito original da Igreja.

A Igreja primitiva era orgânica e um movimento nos primeiros duzentos anos de sua existência. Mesmo forçada à clandestinidade por ondas de perseguição no Império Romano, ela continou sendo um movimento viral que não podia ser contido ou detido. Ainda que muitos tenham tentado destruí-la, cada tentativa a tornava ainda mais forte.

Tudo isso mudou no ano 313 d.C., quando o imperador Constantino declarou que o império não somente toleraria o cristianismo, mas devolveria aos cristãos todas as propriedades anteriormente confiscadas. Ele foi o primeiro imperador “cristão”, e tudo mudou quando o cristianismo saiu da marginalidade para se tornar a religião do império. Desde então, a Igreja não mudou muito. Nosso inimigo, o diabo, entendeu que se ele não podia parar a Igreja, ele deveria se juntar a ela e mudá-la de dentro para fora, no intuito de torná-la menos efetiva e menos ameaçadora. Com exceção de avivamentos ocasionais em grupos remanescentes, ele realizou seu propósito. E ele usou Constantino para lançar seu sinistro ataque.

Ao longo dos séculos, depois de Constantino, a Igreja ocidental progrediu em muitos aspectos, mas não passou por nenhuma mudança sistemática. Houve muito pouca mudança desde que o cristianismo era composto pela Igreja Católica Romana e a Igreja Grega Ortodoxa. A Reforma dividiu o cristianismo ocidental entre a Igreja Romana e a volátil Igreja Protestante. Mas apesar das diferenças, no âmbito institucional o sistema permaneceu praticamente intacto. Os anabatistas logo se separaram da reforma (e foram perseguidos por isso), mas rapidamente se institucionalizaram também.

Apesar das adaptações feitas para alcançar os mineiros de carvão do século XVIII na Inglaterra, ou os peregrinos pós-modernos do século XXI, as mudanças tem sido mínimas. Tradicional ou contemporânea, pentecostal ou presbiteriana, a igreja manteve sua roupagem institucional. Dos batistas aos Irmãos de Plymouth, dos menonitas aos metodistas, o sistema eclesiástico continua praticamente intacto ao longo dos séculos. Com música ou sem música? Órgão ou guitarra? Seja em catedrais com seus tetos altos e vitrais, ou em galpões sem janelas, o sistema é praticamente o mesmo.
Sua igreja tem um padre ou um pastor, um culto dominical com cânticos e um sermão, a oferta semanal, o púlpito, os bancos e um edifício. Essa tem sido a regra desde o século IV. Ainda que você mova todo o show para uma casa, se o sistema não mudou tudo o que você fez foi encolher a Igreja, não transformá-la. Adotar um estilo musical mais contemporâneo não muda o sistema. Diminuir as luzes e aumentar o volume é somente um remendo novo no velho sistema. Corais e hinos ou bandas de louvor, máquinas de fumaça, ajoelhando ou de pé, o sistema não muda quase nada. Pregar sermões tópicos ou expositivos não muda o sistema, somente faz alguns ajustes. Escolas bíblicas dominicais ou células como ambientes secundário de aprendizado não representam nenhuma mudança sistêmica, somente uma variação do velho sistema operacional.

Constantino foi declarado César enquanto estava em York em 306 d.C. Hoje, próximo ao lugar onde ele foi nomeado Imperador, há uma estátua sua ao lado de uma enorme catedral, algo que vejo como tremendamente simbólico. Constantino transformou a Igreja em uma instituição e ela permaneceu neste estado por 1700 anos. Hoje, há uma homenagem a ele ao lado de um monumento institucional que expressa exatamente o que a Igreja é – a York Minster Cathedral. Atualmente, estamos testemunhando uma rápida transição de volta a uma expressão orgânica e viral de eclesiologia.

Devemos nos lembrar de Constantino para não que cometamos o mesmo erro novamente. Precisamos despertar, uma vez mais, para a verdadeira natureza e expressão do Corpo de Cristo, que não é um prédio, um programa, um evento ou uma organização, mas uma família espiritual com um chamado e uma missão em conjunto. Precisamos entender, uma vez mais, que a forma da Igreja não é o problema, mas a maneira como nos relacionamos com Deus, uns com os outros, e com o mundo.

Fonte: Cole Slaw. Tradução: Pão & Vinho.

Neil Cole gentilmente autorizou a tradução deste artigo. Ele é editor do blog Cole Slaw e idealizador da Associação para Multiplicação de Igrejas (Church Multiplication Associates – CMA), uma rede informal de comunidades em busca de uma expressão orgânica de Igreja. Neil é autor de vários livros, entre eles Igreja Orgânica e Church 3.0

FONTE: http://paoevinho.org/?p=5927&sms_ss=facebook&at_xt=4d1bccccb39592d2%2C0

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

12 HÁBITOS DIÁRIOS



1- ENTREGA DIÁRIA
Texto: Lc. 9:23 “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.”

Estamos nos propondo a meditar por um tempo em pelo menos 12 hábitos diários que um discípulo de Jesus deveria ter. Quem chamou a minha atenção para este fato, foi o pr. David MacAdan, quando esteve aqui nesta última semana, um tempo único e abençoador para todos os discípulos em Campos que tiveram o privilégio do contato com ele e o Peter Doncel. Que Jesus nos abençoe e traga ao nosso espírito a verdade revelada em Sua Palavra e nos capacite a viver a cada dia, tudo aquilo que Ele designou para nós.
O texto acima me leva a pensar se este seria um dos fundamentos para todos os demais hábitos. Seria possível vivermos uma vida exemplar de nós mesmo, ou somente seguindo os passos do Mestre?
Jesus nos chama a experimentar uma vida de renuncia, abnegação, uma vida mortificada, totalmente rendida a Ele, e a maneira de iniciarmos essa caminhada é tomando a decisão de aceitar o desafio acima.
O versículo deixa claro que o chamado é para todos, “dizia a todos”, sim muitos são chamados, e ele, Jesus não excluía ninguém dessa possibilidade.
Por outro lado, podemos ver também que Ele não forçava ninguém a tomar essa decisão, Ele usa a expressão “Se Alguém quiser”, que indica claramente que devemos nós decidirmos se queremos entrar por este caminho ou não. Hoje essa palavra é tão real quanto naqueles dias, Jesus te diz: “Se você quiser”. Ele nos dar a oportunidade de raciocinarmos, de pensarmos no assunto, por que nesse caminho, os aventureiros ficam para trás, não podemos tomar essa decisão por sentirmo-nos empolgados, ou emocionados, e sim por uma séria compreensão dos fatos que são apresentados a seguir.
Bem, se você de fato deseja seguir Jesus, precisa fazer o seguinte: “vir após mim”. Jesus deu os passos iniciais nessa jornada, talvez como aqueles escoteiros adentrando uma floresta desconhecida, eles vão marcando cada local, deixando códigos pelas árvores, para que aqueles que vêm atrás, não se percam. A única maneira de não se perder nesse caminho é nunca tirar os olhos de Jesus, nunca desviar-se de seus passos, de suas pegadas no caminho. O termo grego nesse texto é : “akoloutheõ” que significa seguidor, companheiro, aquele que vai pelo mesmo caminho, alude ao discipulado, a pessoa que segue, não tem um outro caminho, ou se tem ele abre mão de seu caminho para seguir o de seu mestre. E a pergunta surge, qual o caminho que você tem seguido? Por qual estrada você tem passado nesse tempo? Ele diz: “Se alguém quiser vir após mim...”
E nessa jornada, “após Jesus”, devemos ter algumas coisas indispensáveis na caminhada, ou melhor, algumas atitudes, sendo que a primeira é: “negue-se a si mesmo”. Como isso é duro! Como isso é radical! Talvez você não consiga ter a dimensão da coisa por que esse versículo se tornou uma expressão comum no meio do povo de Deus. Na verdade muitos versículos se tornaram comum, e isto nos traz um prejuízo enorme.
Negar a si mesmo vai contra tudo o que você ouve hoje tanto no mundo, como em grande parte da chamada igreja. Ninguém aceita negar a si mesmo, todos estão contaminados com o veneno da supervalorização humana. “Você não é calda e sim cabeça” dizem por aí, porém se esquecem que Um só é o Cabeça. Você tem que ter, tem que possuir, isto esta até nos meios chamados cristãos, e é algo que revela o quanto nós temos estado longe de sermos discípulos.
O termo grego para negar é “aparneomai”, significa: negar totalmente, renunciar, negar a si mesmo, um ato totalmente altruísta, abrir mão da sua personalidade. Isso não é uma opção, e sim uma exigência. Mas fique calmo meu amigo, minha amiga, Ele diz: “Se alguém quiser”.
A segunda atitude que você deve ter para seguir Jesus é : “tome a sua cruz”. Meu irmão, minha irmã, que loucura! Como Jesus pode motivar alguém a segui-lo com essas exigências? Sabe o que Ele esta dizendo pra você? “ olha meu caro, no meu reino a sua vida só serve para uma coisa... ser crucificada.” Ele nos diz claramente que não temos nada a oferecer a Ele, além do nosso sacrifício, da nossa abnegação absoluta.
Outra coisa surpreendente é que esta cruz deve ser tomada diariamente, talvez porque o nosso homem interior é muito resistente, ele persevera em te acompanhar, em ressuscitar, em desafiar a sua decisão. Isso vai acontecer todos os dias.
A única maneira de você seguir a Cristo é abrindo mão de você mesmo, e deixando Ele te conduzir. Só assim você obterá êxito nesse primeiro hábito que estamos vendo.
Que o Senhor Jesus Cristo, nos capacite pelo Seu espírito a alcançarmos tal graça.
Shalom

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Gratidão a Deus pelo tempo em que fomos ministrados pelas vidas de Pr David MacAdam e Peter Doncel


CAMPOS DOS GOYTACAZES, 08 DE NOVEMBRO DE 2010

Caros irmãos Pr. David MacAdan e Pr. Peter Doncel

Como poderíamos agradecer a Deus por permitir recebê-los em minha casa nestes dias? Como expressar meu louvor a Deus por uma demonstração tão grande de Seu amor na vida desses irmãos? Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que Ele me tem feito?

Nesses dias que vocês estiveram entre nós, pudemos entrar em lugares ricos e possuir uma herança incorruptível. Tínhamos fome, e nos deste de comer de um alimento sólido, verdadeiro; tínhamos sede, e nos deste de beber, saciando a nossa sede com a água Pura da Palavra de Deus, trazendo refrigério as nossas almas cansadas; éramos estrangeiros em terras tão maravilhosas, mas nos hospedastes em casa edificada na Rocha; estávamos nus, e nos vestiram com vestes da santidade pela presença de Deus; estávamos doentes, e fomos por vocês visitados e tratados com o bálsamo de cura; estávamos aprisionados e vieram nos ver trazendo as chaves do amor e perdão.

Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que Ele nos tem feito?

Nós somos testemunhas, nós vimos como esses homens vieram até aqui e nos serviram com tão grande amor, como eles fizeram o bem a todos quanto encontraram. Nós vimos e ouvimos que a mensagem desses homens foi nada mais nada menos que JESUS CRISTO E ESTE CRUCIFICADO!

Meus irmãos, nós somos testemunhas de que desde o primeiro dia em que estes irmãos chegaram em Campos dos Goytacazes, como esses irmãos se portaram entre nós, servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas, e mesmo com o tempo escasso e muitas pressões eles não desfaleceram, e sim em todo o tempo , nada do que seja útil deixaram de nos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando tanto a religiosos como a ímpios, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.

Nós vimos!

Eles fizeram coisas consideradas loucas por simplesmente amar Jesus. Vieram de uma Terra distante, gastaram um alto valor para nos ensinar a sabedoria, nos tornaram fortes em Cristo, sofreram com o calor, com os mosquitos, alimentação diferente, dormiram todos os dias em colchonetes no chão, se afadigarão, trabalharam com suas próprias mãos, mesmo que aprendêssemos com mutos mestres em nossas vidas, estes foram para nós como pais, pois tiraram de seu bom tesouro e nos deram de bom grado.

O que daremos nós, por todos os benefícios que Ele nos tem feito?

Graças a Deus que nos dá a vitória em Cristo Jesus. Esses irmãos expressão essa vitória em Jesus, por isso o nosso desejo é que o Senhor Jesus os fortaleça e os edifique nEle sempre, que na obra do senhor haja abundância em tudo aquilo que fizerdes, pois o vosso trabalho no Senhor não é vão!

Que daremos nós ao Senhor por todos os benefícios que nos tem feito?

Muito obrigado

De: Luciano Gomes do Couto

Flávia B B do Couto

E toda equipe de Campos dos Goytacazes.

A Ele seja a glória para todo o Sempre amém

* Para saber mas sobre o Pr. David MacAdam entre no site da igreja que ele pastoreia: http://www.newlife.org/Home/tabid/53/Default.aspx

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

EM QUE MUNDO VOCÊ TRABALHA


Hoje somos confrontados por dois mundos, duas esferas de autoridade, sendo as duas totalmente diferentes e com caracteres opostos. Não se trata de um futuro céu e inferno; a questão está nestes dois mundos hoje, se eu pertenço a uma ordem de coisas em que Cristo é o Senhor soberano ou a uma ordem oposta de coisas que tem Satanás como seu líder efetivo.

Desde o dia em que Adão abriu a porta da criação de Deus para o mal entrar, a ordem do mundo mostrou-se hostil a Deus. Existe uma mente por trás dessa ordem, que é a do príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30;16.11; 1 Jo 5.19; Ef 6.12).

Podemos dizer que antes da Queda havia uma terra; após a Queda, passa a haver um mundo; e, quando o Senhor retornar, haverá um reino. Assim como o mundo pertence a Satanás, o Reino pertence ao Senhor Jesus.

O Curso deste Mundo

Deus está edificando sua igreja para sua consumação no reino universal de Cristo. Simultaneamente, seu rival está edificando seu sistema mundano para seu clímax no reino do Anticristo. Quão atentos devemos estar para que, em momento algum, nos encontremos auxiliando Satanás na construção de seu malfadado reino.

Quando nos deparamos com alternativas e com a escolha de caminhos a seguir, a questão não é: “Isto é bom ou mau? É útil ou nocivo?” Não; a pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: “Isto é deste mundo ou de Deus? Como isto está afetando meu relacionamento com o Pai?” Pois “se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15). Uma vez que há apenas este conflito no universo, toda vez que nos deparamos com dois cursos conflitantes, a escolha não deve ser menos do que esta: ou Deus... ou Satanás.

As Escrituras afirmam claramente: “O mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.19). Jesus afirmou, logo antes de sua morte, que o momento chegara para “ser julgado este mundo” e para seu príncipe ser expulso (Jo 12.31). Será que temos conhecimento de que Satanás é hoje príncipe não só do crime, da corrupção, do engano e da lascívia, mas também da educação, da cultura, da ciência, das artes, do comércio e da política – de todas as coisas que constituem o sistema do mundo? Não pensemos nem por um momento que Satanás faz oposição a Deus somente pelo pecado e pela carnalidade no coração do homem; ele faz oposição a Deus por meio de todas as coisas mundanas. A natureza do mundo, e de tudo o que lhe pertence, é mover-se em direção contrária à vontade de Deus.

Veja como a “gravidade” natural do sistema puxa as coisas de um mundo para o outro: a maior parte das históricas universidades ocidentais foi fundada por homens cristãos que desejavam prover aos seus estudantes uma boa educação sob a influência cristã. Durante a vida de seus fundadores, o padrão daquelas instituições era alto, pois aqueles homens puseram um real conteúdo espiritual nelas. Mas quando morreram, o controle espiritual também morreu, e a educação seguiu seu inevitável curso em direção ao mundo do materialismo e distante de Deus.

Quando as coisas materiais estão sob controle espiritual, elas cumprem seu apropriado papel como subordinadas. Livres dessa restrição, elas manifestam, rapidamente, o poder que está por trás delas. A lei de sua natureza confirma-se, e seu caráter mundano é provado pelo curso que tomam.

Outro exemplo: há cerca de um século, a igreja começou a construir na China escolas e hospitais, com um definido padrão espiritual e um objetivo evangelístico. No início, não era dada muita importância aos prédios, enquanto a ênfase estava colocada na função da instituição na proclamação do Evangelho. Dez ou quinze anos depois, você poderia passar pelos mesmos locais e, na maioria deles, encontrar instituiçõinstituiça deles, encosntrar locaise, adrna apropriado papel como subordinadas.tambtalmente diferentes e com cares maiores e mais refinadas que as originais, mas, comparadas às dos primeiros anos, com um número muito menor de convertidos. E, hoje, muitas dessas esplêndidas escolas e universidades tornaram-se meros centros educacionais, carentes de qualquer motivação evangelística, enquanto, na mesma proporção, muitos dos hospitais que existem agora são apenas para tratamento físico, sem a preocupação com a cura espiritual. Os homens que iniciaram tais instituições conseguiram, em virtude de seu íntimo caminhar com Deus, mantê-las firmemente sob seu propósito, mas quando morreram, rapidamente estas instituições fizeram sua passagem de um mundo no qual o objetivo é servir ao propósito de Deus para um mundo organizado por Satanás.

Tome Muito Cuidado

A mesma transição pode ocorrer imperceptivelmente nas atividades cotidianas de plantar e construir, comprar e vender, trabalhar e descansar. Todas essas coisas podem ser perfeitamente legítimas, mas o poder que hoje está por trás delas pressiona os homens até que estes fiquem desnorteados e percam o equilíbrio. A força maligna que move o sistema do mundo tem precipitado uma condição hoje em que podemos ver dois extremos: o primeiro é a total incapacidade de vivermos somente com o que ganhamos, e o outro, a incomum oportunidade de juntar riquezas. Por um lado, muitos cristãos encontram-se em dificuldades financeiras sem precedentes; por outro, muitos encontram oportunidades de enriquecer também sem precedentes. Ambas as condições são anormais.

Vamos supor que eu lhe faça uma pergunta: “Em que você trabalha?”, e você responda: “Na área médica”. Assim responde, sem nenhum outro sentimento a não ser a satisfação na compassiva natureza de seu chamado e sem qualquer senso de possível perigo em sua situação.

Mas, e se eu lhe disser que a ciência médica é mais uma das unidades do sistema que é controlado por Satanás? E então? Presumindo que, como cristão, você me leve a sério, ficaria alarmado, e sua reação poderia até ser de perguntar-se se não seria melhor abandonar sua profissão. Não, não deixe de ser médico! Mas siga com prudência, pois está em território que é governado pelo inimigo de Deus e, a menos que esteja vigiando, poderá cair em qualquer uma de suas armadilhas.

Ou suponha que você seja engenheiro, ou fazendeiro, ou editor. Preste atenção, pois tais coisas também são do mundo, tanto quanto dirigir uma casa de entretenimentos ou um local que incentive os vícios (observe a diferença: em relação ao pecado, exercer uma profissão de engenheiro e trabalhar para incentivar vícios são coisas bem distintas; já em relação ao mundo, ambos pertencem ao sistema que é inimigo de Deus. O engano é achar que exercer uma profissão neutra nos isenta dos perigos desse sistema). A menos que você seja prudente, poderá ser pego em alguma rede de Satanás e perderá a liberdade que é sua como filho de Deus. Ao entrar em contato com qualquer uma das unidades de seu sistema, deveríamos pensar nisso duas vezes para que, inadvertidamente, não sejamos encontrados ajudando a construir seu reino.

Sair ou Abrir os Olhos?

Como muitos outros fatos da vida cristã, o caminho para a libertação do mundo é uma surpresa para a maioria de nós, pois vem contra todos os conceitos naturais do homem. O homem busca resolver o problema do mundo removendo-se fisicamente do que considera ser uma zona de perigo. Mas a separação física não opera a separação espiritual; e o contrário também é verdade: o contato físico com o mundo não leva à servidão espiritual do mundo. A escravidão espiritual do mundo é fruto da cegueira espiritual, e a libertação é o resultado de termos os olhos abertos. Por mais profundo que, aparentemente, possa parecer nosso contato com o mundo, estamos libertos de seu poder quando verdadeiramente conhecemos sua natureza. O caráter essencial do mundo é satânico; é inimizade com Deus. Saber disso é encontrar libertação.

Torno a perguntar-lhe: Qual é sua ocupação? É comerciante? É médico? Não fuja desses chamados. Simplesmente escreva: O comércio está sob a sentença de morte. Escreva: A medicina está sob a sentença de morte. Se assim o fizer com sinceridade, daqui em diante sua vida será diferente. Em meio a um mundo em julgamento, por causa de sua hostilidade contra Deus, você saberá como é viver como alguém que verdadeiramente o ama e o teme.

Não há razão para desistir de nosso emprego ou da nossa atividade secular. Longe disso, pois é lá que está a nossa vocação como luzeiros no meio das trevas. Neste assunto, não há considerações seculares, somente as espirituais. Não vivemos nossa vida em compartimentos separados, como cristãos na igreja e como indivíduos seculares no restante do tempo. Não há nada em nossa profissão ou em nossa atividade cotidiana que Deus deseja que seja dissociado de nossa vida como seus filhos. Tudo o que fazemos, seja no campo, seja na estrada, na loja, na fábrica, na cozinha, no hospital ou na escola, tem valor espiritual no reino de Cristo. Estamos ali para reivindicar tudo para ele.

Satanás preferiria que não houvesse cristãos em nenhum desses lugares, pois, decididamente, eles estão em seu caminho ali. Ele tenta, portanto, assustar-nos para tirar-nos do mundo, e, se não consegue fazê-lo, tenta envolver-nos em seu sistema mundano por fazer-nos pensar conforme ele pensa e por ditar nosso comportamento pelos seus padrões. Qualquer uma das duas opções seria uma vitória para ele.

Por outro lado, o fato de estarmos no mundo e, ao mesmo tempo, mantermos todas as nossas esperanças, todos os nossos interesses e perspectivas fora do mundo, significa a derrota de Satanás e a glória de Deus. A igreja não glorifica a Deus quando sai do mundo, mas quando irradia sua luz nele. O céu não é o lugar para se glorificar a Deus; será o lugar onde ele será louvado. O lugar para glorificá-lo é aqui.

Extraído de “Não Ameis o Mundo”, Watchman Nee, Editora dos Clássicos.

por Watchman Nee

Fonte : http://www.revistaimpacto.com.br/?modulo=materia&id=145

terça-feira, 26 de outubro de 2010

George Whitefield e as instituições religiosas


"Pregava para as multidões ao ar livre, porque as igrejas na Inglaterra do século 18 não o recebiam"

A partir de 1737, com apenas 23 anos, George Whitefield (1714-1770) assustou a Inglaterra com uma série de sermões que transformaram a sociedade britânica. Atacado pelo clero, pela imprensa e até por uma multidão de insatisfeitos, Whitefield se tomou o pregador mais popular naquela época. Entretanto, antes disso, ele passou por situações muito semelhantes as que experimentam alguns missionários nos dias atuais. Repetidas vezes, ele teve de pregar fora dos portões do templo pelo simples fato de sua pregação apaixonada ser muito distante da usual formalidade dos pastores daquele tempo. Ele chegou a ser agredido em algumas ocasiões. Na cidade de Basingstoke, por exemplo, foi espancado a pauladas. Em Moorfield, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito. Em Exeter, durante uma pregação para dez mil pessoas, Whitefield foi apedrejado.

Nada, porém, podia conter aquela mensagem. A influência de Whitefield cresceu de tal forma que ele era capaz de manter atentas 20 mil pessoas, encantadas com seus sermões, por mais de duas horas. Durante 34 anos, a voz de George Whitefield ressoou na Inglaterra e América do Norte. Whitefield era um calvinista firme, de origem metodista. Era um evangelista agressivo que cruzou o Oceano Atlântico 13 vezes a fim de proclamar a salvação também na América. Ele se tornou o pregador favorito dos mineiros de carvão e dos valentões de Londres porque ia até eles em vez de esperá-los dentro das igrejas.

Histórico familiar - Whitefield, um pregador fascinante, contrariou todas as teorias "deterministas". Nasceu em uma taberna em que eram servidas bebidas alcoólicas e morreu pregando a Palavra de Deus como um dos mais sérios servos de Deus de toda a História. Seu pai faleceu quando ele ainda era um bebê. Sua mãe se casou novamente, mas a nova união não melhorou as coisas para o pequeno George, que continuava a limpar os quartos, lavar roupas e servir bebidas aos hóspedes da pensão de sua mãe.

No entanto, apesar de sua família não ser convertida ao Evangelho, Whitefield gostava de ler a Bíblia. Alguns historiadores afirmam que ele foi orientado a manter contato com a Escritura Sagrada por alguns clientes que passavam pela estalagem. Outros, no entanto, preferem atribuir o interesse de George pela Palavra a um milagre de Deus. O fato é que, desde cedo, ele demonstrou talento para a oratória. Alguns anos mais tarde, quando estudava no Pembroke College, em Oxford, Whitefield reunia com freqüência pequenos grupos de colegas em seus aposentos com o propósito de orar e estudar a Bíblia. Conta-se que não eram raras as ocasiões em que os presentes recebiam o batismo com o Espírito Santo.

Os biógrafos asseveram que ele dividia seu tempo livre de tal forma a ficar, aproximadamente, oito horas por dia em devoção a Deus. Na época, ainda jovem, trabalhava como garçom em bares noturnos como meio de sobrevivência. Naquele exato período de sua vida, o futuro pregador conheceu John Wesley e foi, então, que começaram a jejuar e a estudar a Bíblia. Whitefiel compilou alguns dos conceitos mais famosos de Wesley, dentre eles: A verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós.

Ainda muito cedo, Whitefield teve de voltar para a casa de sua mãe para poder recuperar-se de um problema respiratório que o assolou em todo o seu ministério.

Para não perder o objetivo da obra de Deus, entretanto, George Whitefield montou uma pequena classe de estudos Bíblicos e começou a visitar os pobres e doentes da região. Os membros de sua igreja não ficaram indiferentes aquele talento e, embora fosse norma não consagrar ao pastorado alguém com menos de 23 anos, Whitefield tornou-se ministro do Evangelho aos 21 anos, por insistência daquela igreja. Mesmo antes de cumprir sua determinação pessoal, de escrever cem sermões para, mais tarde, apresentá-los à igreja e pleitear sua ordenação, Whitefied aceitou o desafio.

Suas primeiras pregações como ministro do Evangelho foram tão intensas, que algumas pessoas se assustaram. Os anciões da igreja, no entanto, deram-lhe apoio e ele entendeu, naquele gesto, uma lição que escrevera para a posteridade:

Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar; e a última dada ao povo para ouvir a Palavra de Deus. Curiosamente ele, raramente, pregava sem chorar: Vós me censurais por que choro. Mas como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo, admoestava.

Essa paixão irresistível pela pregação da Palavra é a melhor explicação para alguns fenômenos, ou melhor, milagres espirituais que acompanhariam a carreira ministerial de Whitefield. Em 1750, por exemplo, ele conseguiu reunir dez mil pessoas, diariamente, nas ruas de Londres durante 28 dias, em um evento que, hoje, chamaríamos de cruzadas evangelísticas. Entretanto, a diferença é que ele pregava em uma época em que não havia microfones ou quaisquer outros recursos tecnológicos para ampliar o volume de sua voz. Jornais daquela época registraram que Whitefield podia ser ouvido por mais de 1 km, apesar de seu corpo franzino e de sua voz fraca, por causa dos problemas de saúde. Isso era um milagre de Deus com certeza.

Em outra ocasião, pregando a alguns marinheiros, Whitefield descreveu um navio no olho de um floração. O sermão foi apresentado de maneira tão real, que, no momento em que o pregador descrevia o barco afundando, foi interrompido pelo grito dos marinheiros apavorados com o que consideraram a própria visão do inferno.

Whitefleld, ao contrário do que muitos imaginavam, era um evangelista-missionário. Jamais quis abrir igrejas para levar seus milhares de convertidos. Pelo contrário: ele os orientava a procurarem igrejas locais. Isso porque, dizem seus biógrafos, sua missão evangelística tomava-o de tal forma que não havia nele qualquer interesse na abertura de templos ou em ter conforto. Nas 13 vezes em que realizou cruzadas evangelísticas nos Estados Unidos, Whitefield viajou, a princípio, para colaborar com o orfanato que abrira no estado da Geórgia. Ele adorava pregar para os órfãos e, para muitos deles, Whitefield era a única referência paterna.

Aos 65 anos de idade, já muito doente, Whitefleld ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter, Inglaterra. Na mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30 minutos e subiu as escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de salvação até o último minuto de vida ao seu companheiro de quarto.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Oração de um Profeta Menor - A. W. Tozer


Oração de um Profeta Menor - A. W. Tozer




Aiden Wilson Tozer, mais conhecido por A. W. Tozer, foi um pregador americano que viveu de 1897 a 1963. Poucos homens estiveram tão cheios de Deus como ele. Apesar de nunca ter cursado Teologia, recebu dois doutorados honorários devido ao seu profundo conhecimento das Escrituras, sua paixão. É considerado um dos maiores pregadores da história americana. Um homem profundamente apaixonado por Deus e dedicado ao Reino. Um gigante da fé! Escreveu alguns livros, dos quais eu recomendo todos! Era um amigo muito próximo de Leonard Ravenhill, que foi talvez o maior avivalista das décadas de 60 a 80 que o mundo conheceu, um verdadeiro "João Batista" - quem quiser conhecê-lo é só ler o livro "Porque tarda o pleno avivamento?", já li muitos livros evangélicos e confesso que nunca encontrei nada semelhante! Inigualável! Um pérola em meio a tanto lixo que vem sendo publicado ultimamente.
No dia em que ele foi consagrado ao ministério ele fez a oração abaixo (no Brasil ela foi publicada como "Oração de um profeta menor"). Palavras estas que ele manteve até a sua morte. Vejam que coração apaixonado, que temor a Deus, que dedicação às coisas do Reino! Que nós, pobres crianças espirituais, possamos amadurecer com os exemplos destes homens e aprender o que é ser um homem de Deus!



Esta oração é pronunciada por um homem chamado a ser testemunha ante as nações, e foram estas as palavras que disse ao seu Senhor no dia em que foi ordenado. Depois de os anciãos e ministros terem orado e pousado sobre ele as suas mãos, retirou-se para estar a sós com o seu Salvador, no silêncio, mais além do que os seus irmãos bem intencionados o podiam levar. E disse:


Senhor, escutei a tua voz e tive medo. Chamaste-me a uma tarefa solene numa hora grave e perigosa. Em breve abalarás todas as nações, a terra e também o céu, para que fique só aquilo que é inabalável. Senhor, nosso Senhor, aprouve-Te honrar-me chamando-me a ser teu servo. Só aceita esta honra aquele que é chamado a ser teu servo, visto ter de ministrar junto àqueles que são obstinados de coração e duros de ouvido. Eles Te rejeitaram, a Ti, que és o Amo, e não posso esperar que me recebam a mim, que sou o servo.


Meu Deus, não vou perder tempo a deplorar a minha fraqueza ou a minha incapacidade para o trabalho. A responsabilidade é tua, não minha, pois disseste: “Conheci-te, ordenei- te, santifiquei-te”, e também: “Irás a todos aqueles a quem Eu te enviar, e falarás tudo aquilo que Eu te ordenar”. Quem sou eu para argu- mentar contigo ou para pôr em dúvida a tua escolha soberana? A decisão não é minha, mas sim tua. Assim seja, Senhor; cumpra-se a tua vontade e não a minha.


Bem sei, Deus dos profetas e dos apóstolos, que, enquanto eu Te honrar, Tu me honrarás a mim. Ajuda-me, portanto, a fazer este voto solene de Te honrar em toda a minha vida e trabalho futuros, quer ganhando quer perdendo, na vida ou na morte, e a manter intacto esse voto enquanto eu viver.
É tempo, ó Deus, de agires, pois o inimigo entrou nos teus pastos e as ovelhas são dilaceradas e dispersas. Abundam também falsos pastores que negam o perigo e se riem das ameaças que rodeiam o teu rebanho. As ovelhas são enganadas por estes mercenários e seguem-nos com fidelidade, enquanto o lobo se acerca para matar e destruir. Imploro-Te que me dês olhos bem abertos para descobrir a presença do inimigo; que me dês compreensão para distinguir entre o falso e o verdadeiro amigo. Dá-me visão para ver e coragem para declarar fielmente o que vejo. Torna a minha voz tão parecida com a tua que até as ovelhas doentes a reconheçam e Te sigam.


Senhor Jesus, aproximo-me de Ti em busca de preparação espiritual. Pousa a tua mão sobre mim. Unge-me com o óleo do profeta do Novo Testamento. Impede que eu me transforme num religioso e perca assim a minha vocação profética. Salva-me da maldição que paira sombriamente sobre o sacerdócio moderno; a maldição da transigência, da imitação, do profissionalismo. Salva-me do erro de julgar uma igreja pelo número de seus membros, pela sua popularidade ou pelo total de suas ofertas anuais. Ajuda-me a lembrar-me de que eu sou profeta, não um animador, não um gerente religioso, mas um profeta. Que eu nunca me transforme num escravo das multidões. Cura a minha alma das ambições carnais e livra-me do prurido da publicidade. Salva-me da servidão das coisas materiais. Impede-me de gastar o tempo entretendo-me com as coisas da minha casa. Faze o teu terror pousar sobre mim, ó Deus, e impele-me para o lugar de oração onde eu possa lutar com os principados, e potestades, e príncipes das trevas deste mundo. Livra-me de comer demais e de dormir demais. Ensina-me a auto-disciplina para que eu possa ser um bom soldado de Jesus Cristo.


Aceito trabalho duro e pequenas compensações nesta vida. Não peço um cargo fácil. Procurarei ser cego aos pequenos processos de facilitar a vida. Se outros procuram o caminho mais plano, eu procurarei o caminho mais árduo, sem os julgar com demasiada severidade. Esperarei oposição e procurarei aceitá-la serenamente quando ela vier. Ou se, como por vezes sucede aos teus servos, o teu povo bondoso me obrigar a aceitar ofertas expressivas de gratidão, conserva-Te ao meu lado e salva-me da praga que a isso freqüentemente se segue; ensina-me a usar o que porventura receber de tal modo que não prejudique a minha alma nem diminua o meu poder espiritual. E se a tua providência permitir que me advenham honras da tua Igreja, que eu não esqueça naquela hora que sou indigno da mais ínfima das tuas misericórdias, e que, se os homens me conhecessem tão intimamente como eu me conheço a mim próprio, me retirariam tais honrarias para as darem a outros mais dignos delas.


E agora, Senhor do céu e da terra, consagro-Te o resto dos meus dias, sejam eles muitos ou poucos, consoante a tua vontade. Quer eu me erga perante os grandes quer ministre aos pobres e humildes, essa escolha não é minha, e eu não a influenciaria, mesmo que pudesse. Sou teu servo para cumprir a tua vontade. Ela é mais doce para mim do que a posição, ou as riquezas, ou a fama, e escolho-a acima de tudo o mais na terra ou no céu.


Embora eu tenha sido escolhido por Ti e honrado por uma alta e santa vocação, que eu nunca esqueça que não passo de um homem de pó e cinza com todos os defeitos e paixões naturais que atormentam a humanidade. Rogo-Te, portanto, meu Senhor e Redentor, que me salves de mim próprio e de todo o mal que eu puder fazer a mim mesmo enquanto procuro ser uma bênção para os outros. Enche-me do teu poder pelo Espírito Santo, e eu caminharei na tua força e proclamarei a tua justiça - a tua tão somente. Anunciarei a mensagem do teu amor redentor enquanto tiver forças.
E, Senhor amado, quando eu for velho e estiver fatigado, demasiado cansado para prosseguir, prepara-me um lugar lá em cima e conta-me entre o número dos teus santos na glória eterna. Amém.

(Originalmente publicado em Português pela Revista Teológica)





http://perolasdoeva
ngelho.blogspot.com/2009/07/oracao-de-um-profeta-menor-w-tozer.html

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Orar até orar de verdade é o desafio do cristão


( A. W. Tozer)


O Dr. Moody Stuart, um homem de oração, certa vez estabeleceu regras que o guiassem em suas orações. Entre essas regras, havia a seguinte: `Ore até orar de verdade´. A diferença entre orar até o momento em que você pára de orar, e orar até você realmente orar é ilustrada pelo evangelista americano John Wesley Lee. Ele sempre comparava um período de oração com um culto na igreja, e insistia que muitos de nós terminamos a reunião antes do culto ter terminado. Ele confessou que certa vez saiu cedo demais de uma reunião de oração e foi indo por uma rua para cuidar de alguns negócios urgentes. Ele não tinha caminhado muito quando uma voz em seu interior o repreendeu. `Filho,´ - a voz parecia perguntar - `você pronunciou a bênção quando a reunião não havia ainda terminado?´ Ele caiu em si e imediatamente voltou correndo ao lugar da reunião de oração, onde permaneceu até que toda a carga que sentia saiu e a bênção sobre si desceu.

O hábito de interromper nossas orações antes de termos realmente orado é algo tão comum quanto infeliz. Com freqüência os últimos dez minutos podem significar mais para nós do que a primeira meia hora, porque temos que gastar um bom tempo até atingirmos a verdadeira condição para uma oração efetiva. Pode ser que tenhamos que lutar com os nossos pensamentos de forma a retirá-los das muitas distrações que resultam do fato de habitarmos num mundo todo em desordem.

Aqui, assim como em todas as demais questões espirituais, temos que ter certeza de que estamos distinguindo o ideal do real. O ideal seria vivermos a cada momento num estado de perfeita união com Deus de forma que nenhum preparo fosse necessário. Mas na verdade são poucos os que honestamente podem dizer que é isso o que acontece em sua vida. Para sermos francos, a maioria de nós tem de admitir que com freqüência enfrentamos uma luta antes de ter condições de escapar de uma alienação emocional e de um senso de irrealidade que às vezes prevalecem em nós.

Não importando o que um idealismo sonhador possa dizer, somos forçados a encarar as coisas no nível da realidade prática. Se quando vamos orar o nosso coração sente-se endurecido e não espiritual, não deveríamos convencer-nos do contrário. Antes, devemos admitir a situação com franqueza, e então orar até o fim. Alguns cristãos chegam a sorrir diante da expressão `orar até o fim´, mas isso ou algo parecido com isso, é encontrado nos escritos de quase todos os grandes santos de oração, dos dias de Daniel até hoje.´

Não podemos parar de orar antes de termos orado de verdade.

Extraído do livro: "Este mundo: lugar de lazer ou campo de batalha"
A. W. Tozer - Danprewan Editora

Fonte: http://www.odiscipulo.com/php/pagina.php?doc=artigos/orar_ate_orar

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Britânica sequestrada no Afeganistão morre durante resgate


AFEGANISTÃO

Uma britânica sequestrada no Afeganistão no fim de setembro foi morta na noite de sexta-feira durante uma operação de resgate. O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.

"É com profundo pesar que me vejo na obrigação de confirmar que Linda Norgrove, a trabalhadora humanitária sequestrada no leste do Afeganistão no dia 26 de setembro, foi morta por seus captores durante uma tentativa de resgate ontem à noite (sexta-feira, dia 08 de outubro)", disse o ministro das Relações Exteriores, William Hague em um comunicado de seu gabinete no dia seguinte, sábado.

De acordo com o ministro, a responsabilidade pelo "final trágico" repousa sobre os sequestradores. "Tivemos informações do local onde Linda estava presa e decidimos, devido ao risco que corria, que a melhor chance de libertá-la sã e salva era agir com base nesta informação", explicou Hague.

Ajuda humanitária

Linda Norgrove, 36 anos, trabalhava há vários anos para organizações humanitárias no Peru, no Laos e no Afeganistão. Ela foi sequestrada no dia 26 de setembro, juntamente com três acompanhantes afegãos, na região leste do país.

A britânica também trabalhou para as Nações Unidas em Cabul entre 2005 e 2008, antes de voltar em fevereiro de 2010 como funcionária da ONG americana DAI, que terceiriza serviços para a agência de apoio ao desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID).

Fonte: http://www.portasabertas.org.br/noticias/noticia.asp?ID=6574


* Ainda existem pessoas que vivem o evangelho a ponto de não amar a sua própria vida... Aleluia!

sábado, 9 de outubro de 2010

Profecia de Billy Graham




As seguintes palavras foram ditas nos anos de 1958 e 1965 por um dos maiores evangelistas que o mundo conheceu: Billy Graham. Sem dúvida foram palavras proféticas lançadas há cinco décadas atrás para a atual geração:

Multidões de cristãos estão chegando ao ponto de rejeitar a instituição que nós chamamos de Igreja. Eles estão começando a aderir formas mais simples de adoração. Estão famintos por uma experiencia pessoal e marcante com Jesus Cristo. Eles anseiam por uma fé que arda em seus corações. A menos que a Igreja recupere rapidamente a autoridade de sua mensagem bíblica, pode ser que testemunhemos um espetáculo em que milhões de cristãos deixarão a Igreja institucional em busca de alimento espiritual.1

Penso que uma das primeiras coisas que eu faria seria selecionar um pequeno grupo de oito, dez ou doze homens ao meu redor que estivessem dispostos a se reunir algumas horas por semana e pagar o preço. Isso lhes custaria algo em termos de tempo e esforços. Em alguns anos, eu compartilharia com eles tudo aquilo que tenho. Assim, eu formaria de entre os leigos doze ministros que, por sua vez, selecionariam mais oito, dez ou doze homens e os treinariam. Conheço uma ou duas congregações que estão fazendo isso e estão revolucionando a Igreja. Penso que Cristo nos deu o padrão. Ele gastou a maior parte de seu tempo com estes homens. Ele não gastou a maior parte de seu tempo com as multidões. Na verdade, entre as multidões os resultados não foram muitos. Ao que me parece, os maiores resultados surgiram de sua ministração pessoal e do tempo que ele gastou com os doze.2

Via: Reimagining Church. Tradução: Pão & Vinho.

Penso que não há entre nós algum homem que tenha conhecido mais multidões do que Billy Graham. Para alguém que pisou em mais nações do que o próprio Cristo encarnado e encheu mais estádios do que qualquer apóstolo ou profeta bíblico, sua conclusão a respeito das multidões é simplesmente fascinante.

Voltemos à intimidade do Cenáculo!

Ecclesia semper reformanda est!

FONTE:

http://paoevinho.org/?p=5571

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Arrependimento é Deixar o Pecado


Por : Dwight Lyman Moody



Eu não me dirijo somente ao não convertido, porque sou daqueles que crêem que a igreja precisa se arrepender muito antes que muita coisa de valor possa ser feita no mundo. Acredito firmemente que o baixo padrão de vida cristã está mantendo muita gente no mundo e nos seus pecados. Se o incrédulo vê que o povo cristão não se arrepende, não se pode esperar que ele se arrependa e se converta de seu pecado. Eu tenho me arrependido dez mil vezes mais depois que conheci a Cristo, do que em qualquer época anterior, e penso que a maioria dos cristãos precisa se arrepender de alguma coisa.
Assim, quero pregar tanto para os cristãos como para os não-convertidos, tanto para mim mesmo quanto para aquele que nunca conheceu a Cristo como seu Salvador.
Há cinco coisas que fluem do verdadeiro arrependimento:
1. Convicção.
2. Contrição.
3. Confissão de pecado.
4. Conversão.
5. Confissão de Cristo diante do mundo.
Convicção
Quando um homem não está profundamente convicto de seus pecados, é um sinal bem certo de que ainda não se arrependeu de verdade. A experiência tem me ensinado que as pessoas que têm uma convicção muito superficial de seus pecados, cedo ou tarde recaem em suas velhas vidas. Nos últimos anos tenho estado bem mais ansioso por uma profunda e verdadeira obra de Deus entre os já convertidos do que em alcançar grandes números. Se um homem confessa ser convertido sem reconhecer a atrocidade de seus pecados, provavelmente se transformará num ouvinte endurecido que não irá muito longe. No primeiro sopro de oposição, na primeira onda de perseguição ou ridículo, eles serão carregados de volta para o mundo.
Creio que é um erro lamentável conduzirmos tantas pessoas à igreja que nunca experimentaram a verdadeira convicção de pecados. O pecado no coração do homem é tão negro hoje quanto o foi em qualquer outra época. Às vezes penso que está mais negro. Porque quanto maior a luz que uma pessoa tiver, maior sua responsabilidade, e por conseguinte maior a sua necessidade de profunda convicção.
Até que a convicção de pecados nos faça cair de joelhos, até que estejamos completamente humilhados, até que tenhamos perdido toda esperança em nós mesmos, não podemos encontrar o Salvador.
Há três coisas que nos levam à convicção: (1) A Consciência; (2) A Palavra de Deus; (3) O Espírito Santo. Todos os três sao usados por Deus.
Muito antes de existir a Palavra escrita, Deus tratava com o homem através da consciência. Foi por isto que Adão e Eva se esconderam da presença do Senhor Deus entre as árvores do Jardim do Éden. Foi isto que convenceu os irmãos de José quando disseram: "Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos. Por isso", disseram eles (e lembre-se, mais de vinte anos haviam se passado depois que eles o venderam como cativo), " por isso nos vem essa ansiedade".
É a consciência que devemos usar com nossos filhos antes de atingiram uma idade onde podem entender a Palavra e o Espírito de Deus. E é a consciência que acusa ou inocenta o ímpio.
A consciência é "uma faculdade divinamente implantada no homem, que o pede a fazer o que é certo". Alguém disse que ela nasceu quando Adão e Eva comeram do fruto proibido, quando seus olhos foram abertos e "conheceram o bem e o mal". Ela julga, mesmo contra nossa vontade, os nossos pensamentos, palavras, e ações, aprovando ou condenando-os de acordo com a sua avaliação de certo ou errado. Uma pessoa não pode violar sua consciência sem sentir a sua condenação.
Mas a consciência não é um guia seguro, porque freqüentemente ela só dirá que uma coisa é errada depois de você a praticar. Ela precisa ser iluminada por Deus porque faz parte de nossa natureza caída. Muitas pessoas fazem o que é errado sem serem condenadas pela consciência. Paulo disse: "Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno" (At 26:9). A própria consciência precisa ser educada.
Outra vez, a consciência freqüentemente é como um relógio despertador, que a princípio desperta e acorda, mas com o tempo a pessoa se acostuma com ele, e então perde o seu efeito. A consciência pode ser asfixiada. Creio que cometemos um erro em não dirigirmos as pregações mais para a consciência.
Portanto, no devido tempo a consciência foi suplantada pela Lei de Deus, que no seu tempo foi cumprida em Cristo.
Neste país cristão, onde as pessoas têm Bíblias, a Palavra de Deus é o meio que Deus usa para produzir convicção. A Bíblia nos diz o que é certo e o que é errado antes de você cometer o pecado, e assim o que você precisa é aprender e apropriar-se de seus ensinos, sob a direçao do Espírito Santo. A consciência comparada à Bíblia é como uma vela comparada ao sol lá no céu.
Veja como a verdade convenceu aqueles judeus no dia de Pentecostes. Pedro, cheio do Espírito Santo, pregou que "este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo". "Ouvindo eles estas cousas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?" (At 2: 36, 37).
Em terceiro lugar, enfim, o Espírito Santo convence. Algumas das mais poderosas reuniões de que já participei foram aquelas em que houve uma espécie de quietude sobre o povo e parecia que um poder invisível se apoderava das consciências. Lembro-me de um homem que veio à reunião e no momento em que entrou, sentiu que Deus estava lá. Um senso de reverência veio sobre ele, e naquela mesma hora sentiu convicção e se converteu.
Contrição
A próxima coisa é a contrição, o profundo sentimento de tristeza segundo Deus e humillhação de coração por causa do pecado. Se não houver verdadeira contrição, o homem voltará direto para o seu velho pecado. Esse é o problema com muitos cristãos.
Um homem pode sentir raiva e se não houver muita contrição, no dia seguinte sentirá raiva outra vez. A filha pode dizer coisas indignas, ofensivas à sua mae, e porque sua consciência lhe perturba ela diz: "Mãe, sinto muito. Perdoe-me".
Mas logo há um outro impulso genioso, porque a contrição não foi profunda nem verdadeira. Um marido diz palavras agressivas à sua esposa, e então para aliviar sua consciência, compra um buquê de flores para ela. Ele não quer enfrentar a situação como um homem e dizer que errou.
O que Deus quer é contrição, e se não houver contrição, não há arrependimento completo. "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os de espírito oprimido." "Coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus." Muitos pecadores lamentam por seus pecados, lamentam por não poderem continuar pecando; mas se arrependem apenas com corações que não estão quebrantados. Não creio que saibamos como nos arrepender atualmente. Precisamos de um João Batista, que ande pelo país, gritando: "Arrependam-se! Arrependam-se!"
Confissão de pecado
Se tivermos verdadeira contrição, ela nos levará a confessarmos nossos pecados. Creio que nove décimos dos problemas em nossa vida cristã são resultado de não fazermos isso. Tentamos esconder e cobrir nossos pecados. Há muito pouca confissão deles. Alguém disse: "Pecados não confessados na alma são como uma bala no corpo".
Se você não tiver poder, talvez seja porque há algum pecado que precisa ser confessado, alguma coisa em sua vida que necessita ser removida. Não importa quantos salmos você cante, ou a quantas reuniões você compareça, ou o quanto você ore e leia a sua Bíblia, nada disso encobrirá esse tipo de problema. O pecado deve ser confessado, e se o meu orgulho me impede de confessar, não devo esperar misericórdia de Deus nem respostas às minhas oraçoes.
A Bíblia diz: "O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará" (Pv 28:13). Pode ser um homem no púlpito, um sacerdote por trás do altar, um rei no trono _ não me importo quem ele seja. O homem está tentando fazer isso há seis mil anos. Adão o tentou e falhou. Moisés o tentou quando enterrou o egípcio que matou, mas falhou.
"Sabei que o vosso pecado vos há de achar." Por mais que você tente enterrar o seu pecado, este tornará a aparecer mais cedo ou mais tarde, se não for apagado pelo Filho de Deus. Se o homem nunca conseguiu fazer isso em seis mil anos, é melhor você e eu desistirmos de tentar.
Há três maneiras de se confessar pecados. Todo pecado é contra Deus, e a Ele deve ser confessado. Há pecados que eu não preciso confessar a pessoa alguma no mundo. Se o pecado foi entre mim e Deus, devo confessá-lo sozinho no meu quarto. Não preciso cochichá-lo no ouvido de nenhum mortal. "Pai, pequei contra o céu e diante de Ti." "Pequei contra Ti, contra Ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos."
Mas se fiz algo errado a alguma pessoa, e ela sabe que a prejudiquei, devo confessar o pecado não somente a Deus mas também a esta pessoa. Se o meu orgulho me impede de confessar meu pecado, não preciso ir a Deus. Posso orar, posso chorar, mas isso não adiantará. Primeiro confesse àquela pessoa, e depois a Deus, e veja com que rapidez Ele lhe ouvirá e lhe enviará a paz. "Se pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta." (Mt 5: 23, 24). Esse é o caminho bíblico.
Há outra classe de pecados que devem ser confessados publicamente. Suponha que fui conhecido como um blasfemador, um alcoólatra ou um depravado. Se me arrependo de meus pecados, devo ao público uma confissão. A confissão deve ser tão pública quanto foi a trangressão. Muitas vezes uma pessoa dirá algo maldoso a respeito de outra na presença de terceiros, e então tentará apaziguar isso indo somente à pessoa prejudicada. A confissão deve ser feita de forma que todos os que ouviram a transgressão possam ouvir a confissão.
Somos bons em confessar o pecado de outras pessoas, mas se experimentarmos um verdadeiro arrependimento, ficaremos mais que ocupados cuidando dos nossos próprios pecados. Quando alguém dá uma boa olhada no espelho de Deus, não encontrará ali faltas dos outros; tem coisas demais a ver em si mesmo.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" ( 1 Jo 1:9 ). Obrigado Senhor pelo Evangelho! Crente, se há algum pecado em sua vida, resolva confessá-lo, e seja perdoado. Não deixe nenhuma nuvem entre você e Deus. Garanta o seu título para a mansão que Cristo foi preparar para você .
Conversão
A confissão leva à verdadeira conversão, e não pode haver uma verdadeira conversão, até que se tenha dado esses três passos.
Agora a palavra conversão significa duas coisas. Dizemos que uma pessoa é "convertida" quando nasce de novo. Mas conversão também tem um significado diferente na Bíblia. Pedro disse: "Arrependei-vos...e convertei-vos" (At 3:19). Existe uma versão que traduz assim: "Arrependei-vos e voltai-vos". Paulo disse que não foi desobediente à visao celestial, mas começou a pregar a judeus e gentios para que se arrependessem e se voltassem para Deus. Um certo teológo de outra época disse: "Todos nós nascemos de costas para Deus. O arrependimento é uma mudança de trajetória. É uma volta de cento e oitenta graus."
Pecado é afastar-se de Deus. Como alguém disse, é aversão a Deus e conversão para o mundo; enquanto que o verdadeiro arrependimento significa conversão a Deus e aversão ao mundo. Quando há verdadeira contrição, o coração está entristecido por causa do pecado; quando há verdadeira conversão, o coração fica liberto do pecado. Deixamos a velha vida, somos transportados do reino das trevas para o reino da luz. Maravilhoso, não é ?
A não ser que nosso arrependimento inclua essa conversão, não vale muito. Se alguém continua em pecado, é a prova de uma profissão inútil. E como bombear água para fora do navio, sem tampar os vazamentos. Salomão disse: "Se o povo orar... e confessar teu nome, e se converter dos seus pecados..." (2 Cr 6:26).
Oração e confissão não seriam de proveito nenhum enquanto o povo continuasse em pecado. Vamos prestar atenção à chamada de Deus. Vamos abandonar o velho caminho perverso. Voltemos ao Senhor, e Ele terá misericórdia de nós, e ao nosso Deus, porque Ele perdoará abundantemente.
Confissão de Cristo
Se você é convertido, o próximo passo é confessar isso abertamente. Ouça: "Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação" ( Rm 10:9, 10 ).
A confissão de Cristo é o clímax da obra de verdadeiro arrependimento. Devemos isso ao mundo, aos nossos semelhantes cristãos e a nós mesmos. Ele morreu para nos redimir, e podemos estar envergonhados ou com medo de confessá-Lo? A religião como uma abstraçao, como uma doutrina, tem pouco interesse para o mundo, mas aquilo que as pessoas podem testemunhar da experiência pessoal sempre tem peso.
Ah, amigos, estou tão cansado de cristianismo medíocre. Vamos nos entregar cem por cento por Cristo. Não vamos dar um som inseguro. Se o mundo quer nos chamar de tolos, que o faça. É apenas por um pouco. O dia da coroação está chegando. Graças a Deus pelo privilégio que temos de confessar a Cristo!


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Semper Reformanda: Sopros do Espírito na atualidade







Não é fácil para muitos entenderem a variedade de terminologias que estão sendo empregadas na blogosfera para expressar a mensagem que o Espírito está soprando sobre a Igreja nos dias atuais. Escrevi este artigo na tentativa de esclarecer alguns conceitos que tem sido discutidos nos últimos anos e também na tentativa de nele condensar muito daquilo que já escrevi neste blog em diversos outros artigos.
Alguns termos são usados de forma intercambiável, o que não é incorreto, mas quero “esmiuçar” a ênfase distinta que cada um deles acrescenta à nossa visão de Igreja. Assim, sem a pretensão de dar a última palavra no tocante à certas definições, tentarei explicar algumas delas de acordo com meu entendimento pessoal:
Igreja nos lares
Mudança de imagem: ainda que muitos entendam que o local de reunião de uma igreja, em si, não determina sua identidade, hoje em dia entende-se mais e mais que a porta de entrada para a Igreja deve ser a família (por isso a ênfase nos lares como ponto de encontro da Ekklesia).
A Igreja nos lares não sacraliza as casas como “o átrio sagrado, o santo dos santos e lugar exclusivo das reuniões da Igreja”.
1 Não se trata de uma questão meramente geográfica. A propósito, se a Igreja está fundamentada de forma correta, ela pode até se reunir em auditórios, conforme a necessidade, sem por isso sucumbir à “síndrome de edifício.”
Portanto, a Igreja nos lares não propõe uma mudança geográfica e sim de fundamento. O epicentro da Igreja nos lares é a mesa da comunhão e não o púlpito. Ela está estruturada em torno da família e não em eventos religiosos. O eixo que move a Igreja são as relações pessoais e não programas.
Quando um ímpio olha para a Igreja, ele deve ver um grupo de pessoas que convivem, se amam e se servem entre si, e não um programa com música e sermões espetaculares. Os de fora não devem enxergar a Igreja como uma empresa e sim como uma FAMÍLIA, pois o Senhor Jesus disse que a marca de nossa identidade perante o mundo é o amor que deve haver entre nós (Jo 13:35).
A Igreja nos lares denuncia uma Igreja que possui uma mensagem correta, mas uma expressão distorcida, pois
não produz comunidade, somente programas.
Igreja simples
Mudança de estrutura: é a eliminação de qualquer bagagem que não seja essencial à nossa ortodoxia – templos, rígidas liturgias, castas clericais, títulos, vestimentas especiais, credenciais acadêmicas como requisito para o ministério,
2 etc.
Como
já escrevi anteriormente, a Igreja Primitiva possuia uma certa estrutura sem operar como uma empresa, assim como o corpo humano possui diversos sistemas (digestivo, linfático, nervoso, etc.) sem se tornar um robô. A Igreja simples denuncia uma Igreja que se tornou uma empresa extremamente complexa, burocrática e vagarosa, e propõe um retorno à simplicidade do Evangelho em vários aspectos, principalmente no tocante à liturgia e ao ministério dos santos.
Igreja orgânica
Mudança de sacerdócio: propõe que cada membro, e não somente uma aristocracia espiritual, deve exercer seu sacerdócio.
A Igreja não é uma organização, cujas partes são artificialmente costuradas por estruturas humanamente fabricadas. Ela é um organismo em que, por meio de juntas e medulas bem conectadas (relacionamentos sólidos), os membros funcionam de maneira sinérgica,
3 como os membros de um corpo biológico, e ministram entre si de acordo ao seu dom espiritual (sacerdócio universal), pois “todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” ( Ef. 4:16).
A Igreja orgânica denuncia que muitos dos aparatos institucionais inibem a manifestação da multiforme sabedoria de Deus na Igreja, pois condicionam seus membros a serem meros expectadores de um evento religioso conduzido por cantores e pregadores profissionais.
Igreja missional
Mudança de prioridades: a Igreja missional é um povo com uma missão. Não gira somente em torno de sua própria existência como instituição (ECLESIOCENTRISMO), mas traz em si um enfoque missiológico, chamando seus membros para fora de sua zona de conforto, desafiando-os a olhar ao seu redor e a alcançar sua comunidade por meio da generosidade sacrificial.
Pretende derrubar a falsa dicotomia entre “discipulado versus evangelismo” ou “evangelismo versus ação social”, pois todas estas coisas caminham juntas. Propõe a demolição dos muros da religiosidade que separam os cristãos dos “pecadores”, convocando seus membros a “comerem com os publicanos” e a servirem os necessitados ao seu redor com seu tempo, talentos e finanças.
A Igreja missional dissolve os guetos sagrados e insere a Igreja em seu contexto social. Denuncia a pregação de uma mensagem individualista que se resume em salvar o homem do inferno, mas que não o ensina a manifestar o Reino de Deus entre os pecadores. Aponta para uma Igreja ensimesmada cujos santos gastam a maior parte de seu tempo enfurnados em programas igrejeiros e a maior parte de suas finanças em estruturas eclesiásticas.
4
Conclusão
Penso que estes quatro pontos, balanceados entre si, refletem a Igreja que nosso Senhor Jesus espera que sejamos nos dias atuais: uma Igreja que nasça na intimidade dos lares, que seja simples, orgânica e missional.
Não creio que estas nomenclaturas representem necessariamente movimentos distintos, mas refletem um mover de Deus que está se difundindo nos últimos anos na Igreja de nosso Senhor como um todo, tanto dentro como fora do institucionalismo cristão. Não existe um movimento que encapsule estas qualidades de forma exclusiva, pois o vento do Espírito sopra onde quer (Jo 3:8).
5 Digo isso porque é importante notar que até mesmo parte da Igreja institucional tem sido impactada por estas ondas de reforma e muitas comunidades de transfundo denominacional têm buscado mudanças no intuito de desenvolver uma expressão mais orgânica de Igreja.6
Vejo que, no passado, todas estas coisas vinham sobre o Corpo de Cristo como uma brisa suave e discreta, mas que nos últimos anos têm ganhado mais intensidade. Já posso sentir um vento forte que sopra e que, embora ainda não tenha causado nenhum rebuliço de grandes proporções, já faz ruído e pode ser ouvido por muitos tanto nas casas como nas basílicas.
Ao longo da história da Igreja, muitos confundiram o sopro do Espírito com ventos de doutrina, fechando-se ao mover de Deus em suas gerações. De certo, não está sendo diferente em nossos dias. Entretanto, este ruach de Deus se intensificará mais e mais à medida que o dia da volta de nosso Senhor Jesus se aproxima, adornando a Noiva para seu encontro com seu Noivo.






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A História do Monge Arsênio



"Se houve um homem que deveria ter certeza de sua salvação no momento de sua morte, este homem era o monge Arsênio, conhecido como o Pai do Deserto. Todo o mundo da época reconhecia Arsênio como o mais santo entre os homens. Mas infelizmente, toda uma vida dedicada ao ministério monástico não foi suficiente para lhe trazer paz no momento de sua morte."




19 de julho de 455 d.C. - falecia apavorado o monge Arsênio, o Pai do Deserto.
Os monges ao redor de Arsênio estavam assombrados. À medida que a morte se aproximava do monge mais velho do deserto, em torno do ano 455 AD, eles o viam chorar e reconhecer que seu pranto era de medo. Não somente estes monges, mas todo o mundo da época reconhecia Arsênio como o mais santo entre os homens.
“De verdade, Pai, o senhor está com medo?” – perguntavam eles.
“De verdade,” respondeu Arsênio. “O medo que tenho nesta hora tem estado em mim desde que me tornei um monge.”
Tal declaração parece refletir uma séria debilidade em grande parte do monasticismo. Se houve um homem que deveria ter certeza de sua salvação no momento de sua morte, este homem era Arsênio. Filho de um senador, ele havia se tornado uma espécie de acessor em Constantinopla. Com o passar dos anos, sua vida de prazeres e luxos causou-lhe insatisfação.
Uma voz persistente lhe dizia: “Arsênio, abandone a companhia dos homens e você será salvo.” Finalmente, ele decidiu seguir a voz, renunciando suas riquezas e posição para ser tornar um monge.
Arsênio se apresentou perante um outro pai do deserto chamado João “o Anão”, para ser ensinado por ele. Mas quando os monges se sentaram para comer, João deixou que Arsênio permanecesse em pé. Arsênio esperou pacientemente. Finalmente, João jogou um pedaço de pão aos seus pés, dizendo que se ele quisesse poderia comê-lo. Arsênio humildemente se agachou para comer o pedaço de pão que estava no chão. Satisfeito com a humildade deste recém-chegado, João o aceitou.
Dez anos mais tarde, o tio de Arsênio, também senador, morre deixando-o uma grande herança em seu testamento. Arsênio a rejeita, dizendo que “eu já havia morrido muito antes do senador que morreu recentemente.”
Ele orava por várias horas, constantemente chorando por seus próprios pecados e pelos pecados de outros, dormindo somente uma hora por dia, comendo muito pouco, tendo quase nada, costurando cestas de folhas de palmeira.
Ele vivia isolado até mesmo dos outros monges e sempre se negava a receber aqueles que vinham visitá-lo. Ao ser indagado sobre a razão disso, ele explicou: “Deus sabe o quanto eu amo a todos vocês, mas não posso estar com Deus e com os homens ao mesmo tempo; e não passa pela minha cabeça deixar Deus de lado para conversar com os homens.”
Pouco mais de quarenta histórias de Arsênio chegaram até nós. Tristemente, nenhuma delas a respeito de Jesus Cristo. Este foi o ponto fraco deste tipo de monasticismo. Sua ênfase estava no sofrimento heróico como um meio para a salvação, quando somos ensinados nas Escrituras a “crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo.”
Arsênio adotou um estilo de vida que refletia sua crença no isolamento como caminho para a salvação. Tal prática não lhe trouxe paz no momento de sua morte. Este mesmo conflito levou Martinho Lutero a, por fim, regozijar-se na redescoberta do Evangelho bíblico – justificação pela fé em Cristo somente.Não obstante, Arsênio é reputado como um santo no calendário de algumas igrejas. Seu dia festivo é 19 de julho.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Uma ovelha fala da vida no rebanho


O nosso dono é o meu pastor, ele não terceirizou o nosso apascentamento, ele mesmo cuida de tudo e eu não preciso de mais nada.
O movimento de nosso pastor é me levar a descansar. Ele nos coloca num pasto estourando de verde, e eu como daquela abundância! Mas, miraculosamente, contrário ao que me seria natural, ao invés de comer, vorazmente, até consumir a própria raiz da relva toda, eu como a me saciar e deito-me em completo descanso. Nosso pastor me faz compreender que não preciso me desesperar, sempre haverá alimento para nós.
Aí, ele nos leva para tomar água, e como eu sou estabanada, e qualquer movimento me leva a perder o equilíbrio, ele me leva a um lugar especial: não é água parada, então, não corro o risco de contrair nenhuma enfermidade; e, também, não são águas corredeiras, então, não corro o risco de ser arrastada pela correnteza; são águas tranqüilas, e, nesse estado de descanso, me dessedento tranquilamente, sabendo que não serei atacada enquanto me inclino para beber, porque o nosso pastor cuida de mim.
Eu vou com o nosso pastor por qualquer caminho. Eu me deixo conduzir! Não saio do estado de descanso, porque o nosso pastor escolhe sempre o melhor caminho... É uma questão de honra para ele!
Mesmo quando eu não consigo ver um palmo a frente do nariz, quando o caminho está coberto por uma sombra que parece cobrir qualquer luz, e percebo que a própria morte me espreita, e que é um caminho estreito, escorregadio, perigoso, que basta resvalar uma das patas para precipitar-me desfiladeiro abaixo... Eu não tenho medo! O nosso pastor está comigo e me protege: ele tem como, eficazmente, me puxar, se eu ameaçar cair; e eu sei que ele, pronta e precisamente, tocará na pata que estiver a ponto de escorregar e terei como endireitar o meu passo. Isso me consola em meio a essa escuridão, e permaneço em estado de descanso.
E quando lobos, leões, ladrões e mercenários se aproximam... Prontos para o ataque! O nosso pastor, ao invés de sair afugentando-os, prepara um banquete para mim, e continuo a desfrutar do descanso, da paz e de alegria, como de um copo a transbordar! Fica claro, para mim, que os meus inimigos não têm como me alcançar. O nosso pastor é uma barreira intransponível!
Eu quero ficar para sempre nesse rebanho! Aqui eu desfruto da bondade e da misericórdia do nosso dono e pastor. E o nosso pastor me garante que ficarei sempre aqui, com ele, desfrutando desse descanso promovido por sua bondade e misericórdia. Ele nunca vai embora... Ele mora conosco... Melhor! Ele mora em nós e nós nele! Nós somos a casa dele, e ele a casa da gente!
P.S. Talvez você me pergunte: Como é isso? Você fala de ser pastoreado por um pastor único e incomparável, e fala na primeira pessoa do singular, quando sabemos que um pastor apascenta rebanho e não, individualmente, a cada ovelha. Eu respondo: certa vez uma ovelha doutro rebanho qualquer, a observar como o nosso rebanho se movia em bloco, aproximou-se e me questionou sobre como a gente o conseguia. Eu lhe disse que era por causa de nosso pastor, nós o ouvíamos e o obedecíamos. Ela retrucou: Mas eu não consigo ver o seu pastor! E eu expliquei: é que o nosso pastor mora em nós! Nós estamos em rebanho, e o sabemos, mas, como ele mora em nós, embora ele fale a todas, cada uma de nós o ouve como se ele estivesse falando a cada uma de nós, de modo exclusivo. E sabe de uma coisa? Ele o está! De jeito inclusivo ele está falando de forma exclusiva a cada uma de nós. O nosso pastor é assim: nos mantém em unidade enquanto sustenta, em cada uma de nós, a particular identidade!



Por Ariovaldo Ramos

terça-feira, 13 de julho de 2010

Os momentos mais sublimes de Jesus - seus últimos


"Jesus foi oprimido. A palavra não é capaz de transmitir a realidade da tortura."



Começou na noite de quinta-feira, no mês judeu de Nisan (Abril), por volta do ano 30 d.C. Um dos discípulos de Jesus, Judas Iscariotes, planejou traí-lo por trinta moedas de prata. O sinal de morte: um beijo. No jardim do Getsêmani, pouco distante de Jerusalém, Jesus sabia exatamente o que estava vindo e começou a orar. Seu coração quase não podia suportar tamanho peso: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” (Mateus 26.38). Então, a multidão apareceu com espadas e porretes. Judas beijou Jesus, e o prenderam. Os discípulos de Jesus se acovardaram e deixaram-no sozinho.
Jesus foi levado ao Sinédrio, que estava pronto para colocá-lo em julgamento no meio da noite. A acusação decisiva foi blasfêmia:
O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte. (Marcos 14.61-64) “Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, a dizer-lhe: Profetiza, Cristo, quem é o que te bateu?. E os servidores davam-lhe bofetadas.” (Mateus 26.67-68; Marcos 14.65).
Enquanto isto, próximo à corte, seu discípulo Pedro que havia dito: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei” (Marcos 14.31) o negou três vezes: “Não conheço tal homem” (Mateus 26.72). Quando Jesus olhou para ele, Pedro deixou o local e chorou amargamente.
Então eles entregaram Jesus ao governador romano, Pilatos, ainda no começo da sexta-feira. Depois do interrogatório, Pilatos o enviou ao Rei Herodes, que estava na cidade e esperou ver Jesus fazer um milagre. Herodes e seus soldados trataram Jesus com desrespeito, colocaram-lhe uma veste real para ultrajá-lo, e o enviaram de volta para Pilatos.
De acordo com um estranho costume, Pilatos ofereceu libertar um prisioneiro e dar à multidão a escolha entre Jesus e Barrabás, um notório terrorista que “tinha num motim cometido uma morte” (Marcos 15.7). A multidão escolheu Barrabás e gritou para que Jesus fosse crucificado. Eles fizeram-no ser uma ameaça ao império, que reivindicava ser um rei. “Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César” (João 19.12). Pilatos estava na parede. Deveria matar um homem inocente ou arriscar a aparência de sedição?
Pilatos tomou sua decisão. Lavou suas mãos, numa tentativa inútil de remover sua culpa por ter libertado Barrabás e entregue Jesus aos soldados. “Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso.”, ele disse (Mateus 27.24). O aconteceu nas horas seguintes está além de descrição ou ilustração. Os meros fatos não contam a história inteira. Porém, eles são cruciais.
Jesus foi oprimido. A palavra não é capaz de transmitir a realidade da tortura.
Açoitamento era uma preliminar legal a toda execução romana, e somente mulheres, senadores e soldados (exceto em caso de deserção) eram excluídos. O instrumento usual era um chicote curto (flagrum ou flagellum), de diversas formas, apenas uma ou muitas tiras de couro, de tamanhos diferentes, com esferas de metal ou garras feitas com ossos bovinos amarrados nelas. Para o castigo, o homem tinha suas roupas rasgadas e suas mãos eram amarradas. As costas, quadris e pernas eram chicoteados por dois soldados ou um, em diversas posições. Não se sabe se o número de açoites foi limitado a 39, de acordo com a lei judaica[1].
Depois da tortura, o batalhão inteiro de soldados se reuniu ao redor deste homem fraco e sangrando, e colocaram uma capa escarlate nele. Pressionado pelo peso da túnica sobre seus ombros dilacerados, Jesus recebeu uma cana em sua mão direita e ajoelharam-se diante dele, zombando “Salve, Rei dos Judeus”. Os soldados bateram nele com suas próprias mãos. Eles cuspiram nele. Fizeram uma coroa cheia de espinhos – provavelmente não aqueles que vemos em rosas, mas um tipo mais longo, parecido com lâminas. Então, eles não apenas colocaram a coroa, mas bateram em sua cabeça – cravando os espinhos em seu crânio (Marcos 15.17-19).
Eles o levaram para uma montanha chamada Gólgota (latim: Calvário), fora da cidade, e o pregaram numa cruz. Martin Hengel escreveu um estudo histórico-científico sobre a crucificação no mundo antigo. Ele cita Lucius Seneca, em meados do primeiro século, que escreveu sobre uma variedade de crucificações: “Eu vejo cruzes, não apenas de um tipo, mas feitas de diferentes maneiras; algumas têm suas vítimas de ponta-cabeça, algumas empalam as suas partes íntimas; outros têm seus braços quebrados no madeiro”[2]. Hengel cita outra fonte antiga (Pseudo-Manetho) sobre o método de crucificação: “Punidos com os braços estendidos, eles viam a estaca como seu destino; eles eram fixados e pregados no mais doloroso tormento, uma comida maligna para aves de rapina e cães”[3]. Em suma, Hengel diz que “era uma sensação terrivelmente ofensiva, ‘obscena’ no sentido original da palavra”[4]. E entre os judeus, a maldição divina era adicionada ao escândalo humano, porque na lei judaica, o Torá, diz-se: “porquanto o pendurado [num madeiro] é maldito de Deus” (Deuteronômio 21.23).
“E era a hora terceira, e o crucificaram” (Marcos 15.25). Isto quer dizer 9 horas da manhã. Pilatos ordenou uma placa sobre sua cabeça: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (João 19.19). Transeuntes o ridicularizavam: “Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz” (Mateus 27.40). Os soldados o humilharam. Os príncipes dos sacerdotes com os escribas e anciãos uniram-se ao coro: “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-lo-emos” (Mateus 27.42). E mesmo os criminosos que estavam crucificados com ele, insultavam-no.
Jesus bebeu o cálice de sofrimentos variados, e rejeitou qualquer anestésico contra a dor. “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber” (Mateus 27.34). Por volta do meio-dia, próximo ao fim, ele gritou “Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46). Surpreendentemente, estas aparentes palavras sem esperança são as exatas palavras no início do Salmo 22, do Antigo Testamento, que então termina como um Salmo de grande esperança. O salmista, que parece começar em desespero, finalmente exulta em Deus e diz: “Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação” (v.22). A igreja primitiva não perdeu a conexão entre as palavras agonizantes de Jesus e a esperança final deste salmo. Eles aplicaram estas próprias palavras de triunfo à Cristo, depois de sua ressurreição (Hebreus 2.12). Sim, havia um tipo de abandono da parte de Deus na cruz, mas o abandono não foi total.
Depois de três horas na cruz, Jesus morreu. Seus discípulos viram um espantoso e transformador momento de diferentes ângulos e os sumarizaram de diferentes formas. Mateus diz: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito” (Mateus 27.50). João escreve: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João 19.30). Lucas, que não estava lá, mas que pôde ter conseguido esta informação com a mãe de Jesus, escreve: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou” (Lucas 23.46).
Para ter certeza de que ele estava morto, um soldado romano “lhe furou o lado com uma lança” (João 19.34). Ele foi retirado da cruz por sua família e amigos, e colocado em um túmulo comprado, numa caverna. Pilatos deu ordem para que o túmulo fosse selado e guardado. Uma grande pedra foi usada para fechar a entrada da tumba e soldados ficaram de guarda. Lá, o corpo repousou até o começo da manhã de domingo.
[1] – William D. Edwards, et. al., “On the Physical Death of Jesus”, The Journal of the American Medical Association 255 (21 de março de 1986), 1457-1458.
[2] – Dialogue 6, De consolatione ad Marciam, 20.3, citado por Martin Hengel, Crucifixion (Philadelphia: Fortress, 1977), 25
[3] – Hengel, Crucifixion, 9.
[4] – Ibid., 22.
Traduzido por Josaías Jr.
Fonte:
iPródigo
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