quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Não Quero mais ser evangélico





Por Ariovaldo Ramos


"Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas". Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do "Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil". Foi a gota d'água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo "evangélico" perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante - o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro. Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por "profissionais da fé". Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter. Chega dessa "diabose"! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada. Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome "meu", mas, o pronome "nosso". Para que os títulos: "pastor", "reverendo", "bispo", "apóstolo", o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei" de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra! Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao "instruí-vos uns aos outros" (Cl 3. 16). Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. "(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras "todo o Evangelho ao homem... a todos os homens". Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que "acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos", sem adulterar a mensagem.

Obs.:Felizmente ainda existem "cabeças pensantes" nesse Brasil como o Pastor Ariovaldo Ramos e tantos outros que não se deixaram ser massa de manobra do "evangelicalismo triunfante" pregado insistentemente por profetas de meia tigela que só fizeram estragar a mente de muitos "crentes" que hoje em dia só repetem idéias vendidas por eles.Assim como não perdi a fé da volta de Cristo, não perdi a fé de viver um cristianismo genuíno....doa a quem doer!


Fonte:

http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=viewnews&id=12

3 comentários:

  1. Quer voltar a ser leigo, para voltar a ser servo? O pastorado não deveria incluir esta missão de servo, muito pelo contrário. Deveria fazê-lo ainda mais servo. A gente tem que deixar de ser meio-cristão; mais ou menos cristão; cristão a nossa conveniência, onde Deus ocupa um papel secundário entre tantos apóstolos que existem por ai. Continue pastor, bispo ou qualquer uma dessas denominações, e lute uma boa luta para acabar com essa imundície toda.

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  2. Boa Izilda!
    Porém a coisa é mais complicada do que os títulos!

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  3. quero ser cada vez mais culto... para ser cada vez mais servo... porque quanto mais eu ter mais terei a oferecer... sou sim EVANGÉLICO E SOU SIM PASTOR! POR UM CHAMADO DE DEUS... GOSTEI DO PROTESTO... mas não abro mão inclusive das terminologias e nomenclaturas que são de direito aos que creem e verdadeiramente servem a CRISTO que é A BOA NOVA, vamos continuar servindo-o com zelo e mesmo que estejamos crescendo junto com o joio(que estão ai extorquindo os incautos) que o maligno plantou em nosso meio, mesmo assim, vou continuar sendo evangélico, Pastor,(trigo)vivendo e anunciando com a confiança o EVANGELHO DA GRAÇA DE JESUS CRISTO! PURO E SIMPLES, e apesar, do contexto em que vivemos principalmente em nossa pátria, me agarro piamente na promessa de que um Dia, todos verão a diferença entre justo e o impio entre o que serve e o que não serve! sou cristão evangélico. pela Graça de Deus Pai em Cristo Jesus.

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