sábado, 7 de abril de 2012

Isto é o meu corpo... Isto é a minha carne... isto é páscoa!



Sabe, eu tenho pensado nas palavras de Jesus quanto a Santa Ceia.  Hoje quando participamos desse ritual religioso (pois foi isso o que se tornou  essa maravilhosa ordenança do Mestre), tendemos a ignorar o seu significado real e espiritual.
Mas o que de fato significa “comer de Minha carne” e  “ beber de Meu sangue”?
De forma ainda bem rasa e superficial, penso que comer de minha carne é uma decisão de se apropriar do Jesus que se despedaçou por nós. Um Jesus que foi ao extremo de sofrer antes mesmo da cruz, através de chicotes, de agressões, de humilhações em seu corpo e principalmente da compaixão pelos desamparados dessa era.
Quando uma pessoa participa da santa ceia, quando esta se achega a mesa do Senhor Jesus para comer de Sua carne, ela precisa pensar e valorizar este sacrifício, nessa entrega, e louvar a Deus por que foi por nós que O Mestre sofreu se deu, chorou, morreu.
Comer da carne significa receber e aceitar que tudo o que Jesus sofreu por mim foi suficiente para me unir a ele. Quando como da carne do mestre, estou declarando que sou parte disso, que recebo tal oferta, que me conformo com Cristo em suas dores, e agonias ainda nessa vida.
Por isso acho complicado que incentivemos ou proibamos pessoas de tomar decisões com repeito a Santa Ceia ritualística em nossos encontros. O máximo que podemos dizer é o que disse o apóstolo Paulo, cada um se examine a si mesmo.
Assim serve para o “beber de meu sangue”. Quando tomamos do cálice do Mestre, estamos fazendo um pacto, uma aliança com esta morte. Estamos declarando que não apenas aceitamos a sua morte por nós, e sim que essa morte é nossa também. Por isso está escrito: “aquele que morreu com Cristo, ressuscita com Ele”.  Aceitamos Sua cruz, Seu opróbrio, Sua entrega total a Deus em prol da humanidade.
Comer, mastigar engolir, isso tudo é uma decisão consciente e revela ações interligadas. Ao colocar algo na boca podemos cuspir de imediato se não gostamos do sabor. E tenho certeza que você já fez isso com uma fruta estragada, ou com algo amargo ou apimentado. E quando tratamos da carne do mestre, talvez não tenhamos dificuldades em comer aquele mísero pedaço de pão oferecido em nossos encontros.
Mas quando provamos das dores de pessoas e logo ignoramos isso, ou evitamos o nosso próximo, dentre outras coisas,  estamos evitando e negando todo o compromisso que fizemos com o mestre naquele ritualzinho mixuruca que superestimamos ao invés de valorizar a vida, o amor ao próximo, o se entregar de corpo e alma pela causa.
Será que você acredita mesmo que basta comer aquele pedacinho de pão seja suficiente para se tornar um com o Mestre? Meu caro,  você precisa entender que comer da carne, beber de seu sangue vai muito além disso, pois  ter os seu corpo em pedaços não é tão confortável assim.
Comer da carne de Jesus tem haver com se identificar com a carne sofrida das crianças de rua violentadas. Comer da carne de Jesus tem haver com oferecer o seu rosto para que a mulher violentada seja preservada. Comer da carne de Jesus  é se colocar entre as chibatadas da ganância dos políticos corruptos e as pessoas desamparadas que sofrem. Quem come da carne do Mestre não se desvia das cusparadas dadas pela mídia que despeja seu lixo violento, pornográfico e imoral em cima de crianças desamparadas por pais ocupados demais em sobreviver.  Comer da carne e sofrer por causa da injustiça, da indiferença, do ódio.
Será que você acreditava que comer de sua Carne era apenas saborear aquele pãozinho servido na igreja?  A carne não é tão saborosa assim. Lembre-se que os pães asmos eram amargos.
Este fim de semana, comemoramos a páscoa do nosso Salvador, e creio que a melhor maneira de celebrar isso, é se identificando com o Mestre em sua dor e angústia, é se levantar e agir, e comer com quem não tem comida, é vestir quem não tem roupa, é sofrer com os que sofrem, é sentir-se preso com os encarcerados, quer seja nos presídios e casas e custódias, ou os aprisionados pelos vícios, pelos engodos dessa vida, é chorar com os que choram. É deixar o corpo de Jesus ser revelado ah quem esta em pedaços pelo motivo que seja.
Beba do cálice do mestre sofredor com as lágrimas da mãe que perdeu seu ente querido, com a menina que chora a violência sofrida, com o sangue derramado inocentemente daquele menino que infelizmente estava no lugar errado na hora errada.
Chocolates, bombons, são bons, mas não suficiente, e nem real, existe uma páscoa que Jesus nos convoca a celebrar,  e a comê-La ou bebê-la me memória dEle.
Coma de sua carne e deixe ser comido, absorvido pelas pessoas em suas necessidades e angústias. Manifeste o sangue d Jesus e não apenas clame contra a proteção do seu pecado ou dos demônios, mas vá a casa de alguém, ou ao seu encontro e pinte os umbrais dessa casa ou do coração desta  pessoa com a sua entrega e culto a Deus.
A Páscoa que o cristão celebra, a ceia que comemos, deveria ser mais parecida com o Mestre vivo e não com um ritual morto, destituído de vida e poder, sem sentido e egoísta.
No amor de Cristo Luciano Couto

Nenhum comentário:

Postar um comentário