Não é fácil para muitos entenderem a variedade de terminologias que estão sendo empregadas na blogosfera para expressar a mensagem que o Espírito está soprando sobre a Igreja nos dias atuais. Escrevi este artigo na tentativa de esclarecer alguns conceitos que tem sido discutidos nos últimos anos e também na tentativa de nele condensar muito daquilo que já escrevi neste blog em diversos outros artigos.
Alguns termos são usados de forma intercambiável, o que não é incorreto, mas quero “esmiuçar” a ênfase distinta que cada um deles acrescenta à nossa visão de Igreja. Assim, sem a pretensão de dar a última palavra no tocante à certas definições, tentarei explicar algumas delas de acordo com meu entendimento pessoal:
Igreja nos lares
Mudança de imagem: ainda que muitos entendam que o local de reunião de uma igreja, em si, não determina sua identidade, hoje em dia entende-se mais e mais que a porta de entrada para a Igreja deve ser a família (por isso a ênfase nos lares como ponto de encontro da Ekklesia).
A Igreja nos lares não sacraliza as casas como “o átrio sagrado, o santo dos santos e lugar exclusivo das reuniões da Igreja”.1 Não se trata de uma questão meramente geográfica. A propósito, se a Igreja está fundamentada de forma correta, ela pode até se reunir em auditórios, conforme a necessidade, sem por isso sucumbir à “síndrome de edifício.”
Portanto, a Igreja nos lares não propõe uma mudança geográfica e sim de fundamento. O epicentro da Igreja nos lares é a mesa da comunhão e não o púlpito. Ela está estruturada em torno da família e não em eventos religiosos. O eixo que move a Igreja são as relações pessoais e não programas.
Quando um ímpio olha para a Igreja, ele deve ver um grupo de pessoas que convivem, se amam e se servem entre si, e não um programa com música e sermões espetaculares. Os de fora não devem enxergar a Igreja como uma empresa e sim como uma FAMÍLIA, pois o Senhor Jesus disse que a marca de nossa identidade perante o mundo é o amor que deve haver entre nós (Jo 13:35).
A Igreja nos lares denuncia uma Igreja que possui uma mensagem correta, mas uma expressão distorcida, pois não produz comunidade, somente programas.
Igreja simples
Mudança de estrutura: é a eliminação de qualquer bagagem que não seja essencial à nossa ortodoxia – templos, rígidas liturgias, castas clericais, títulos, vestimentas especiais, credenciais acadêmicas como requisito para o ministério,2 etc.
Como já escrevi anteriormente, a Igreja Primitiva possuia uma certa estrutura sem operar como uma empresa, assim como o corpo humano possui diversos sistemas (digestivo, linfático, nervoso, etc.) sem se tornar um robô. A Igreja simples denuncia uma Igreja que se tornou uma empresa extremamente complexa, burocrática e vagarosa, e propõe um retorno à simplicidade do Evangelho em vários aspectos, principalmente no tocante à liturgia e ao ministério dos santos.
Igreja orgânica
Mudança de sacerdócio: propõe que cada membro, e não somente uma aristocracia espiritual, deve exercer seu sacerdócio.
A Igreja não é uma organização, cujas partes são artificialmente costuradas por estruturas humanamente fabricadas. Ela é um organismo em que, por meio de juntas e medulas bem conectadas (relacionamentos sólidos), os membros funcionam de maneira sinérgica,3 como os membros de um corpo biológico, e ministram entre si de acordo ao seu dom espiritual (sacerdócio universal), pois “todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” ( Ef. 4:16).
A Igreja orgânica denuncia que muitos dos aparatos institucionais inibem a manifestação da multiforme sabedoria de Deus na Igreja, pois condicionam seus membros a serem meros expectadores de um evento religioso conduzido por cantores e pregadores profissionais.
Igreja missional
Mudança de prioridades: a Igreja missional é um povo com uma missão. Não gira somente em torno de sua própria existência como instituição (ECLESIOCENTRISMO), mas traz em si um enfoque missiológico, chamando seus membros para fora de sua zona de conforto, desafiando-os a olhar ao seu redor e a alcançar sua comunidade por meio da generosidade sacrificial.
Pretende derrubar a falsa dicotomia entre “discipulado versus evangelismo” ou “evangelismo versus ação social”, pois todas estas coisas caminham juntas. Propõe a demolição dos muros da religiosidade que separam os cristãos dos “pecadores”, convocando seus membros a “comerem com os publicanos” e a servirem os necessitados ao seu redor com seu tempo, talentos e finanças.
A Igreja missional dissolve os guetos sagrados e insere a Igreja em seu contexto social. Denuncia a pregação de uma mensagem individualista que se resume em salvar o homem do inferno, mas que não o ensina a manifestar o Reino de Deus entre os pecadores. Aponta para uma Igreja ensimesmada cujos santos gastam a maior parte de seu tempo enfurnados em programas igrejeiros e a maior parte de suas finanças em estruturas eclesiásticas.4
Conclusão
Penso que estes quatro pontos, balanceados entre si, refletem a Igreja que nosso Senhor Jesus espera que sejamos nos dias atuais: uma Igreja que nasça na intimidade dos lares, que seja simples, orgânica e missional.
Não creio que estas nomenclaturas representem necessariamente movimentos distintos, mas refletem um mover de Deus que está se difundindo nos últimos anos na Igreja de nosso Senhor como um todo, tanto dentro como fora do institucionalismo cristão. Não existe um movimento que encapsule estas qualidades de forma exclusiva, pois o vento do Espírito sopra onde quer (Jo 3:8).5 Digo isso porque é importante notar que até mesmo parte da Igreja institucional tem sido impactada por estas ondas de reforma e muitas comunidades de transfundo denominacional têm buscado mudanças no intuito de desenvolver uma expressão mais orgânica de Igreja.6
Vejo que, no passado, todas estas coisas vinham sobre o Corpo de Cristo como uma brisa suave e discreta, mas que nos últimos anos têm ganhado mais intensidade. Já posso sentir um vento forte que sopra e que, embora ainda não tenha causado nenhum rebuliço de grandes proporções, já faz ruído e pode ser ouvido por muitos tanto nas casas como nas basílicas.
Ao longo da história da Igreja, muitos confundiram o sopro do Espírito com ventos de doutrina, fechando-se ao mover de Deus em suas gerações. De certo, não está sendo diferente em nossos dias. Entretanto, este ruach de Deus se intensificará mais e mais à medida que o dia da volta de nosso Senhor Jesus se aproxima, adornando a Noiva para seu encontro com seu Noivo.
Alguns termos são usados de forma intercambiável, o que não é incorreto, mas quero “esmiuçar” a ênfase distinta que cada um deles acrescenta à nossa visão de Igreja. Assim, sem a pretensão de dar a última palavra no tocante à certas definições, tentarei explicar algumas delas de acordo com meu entendimento pessoal:
Igreja nos lares
Mudança de imagem: ainda que muitos entendam que o local de reunião de uma igreja, em si, não determina sua identidade, hoje em dia entende-se mais e mais que a porta de entrada para a Igreja deve ser a família (por isso a ênfase nos lares como ponto de encontro da Ekklesia).
A Igreja nos lares não sacraliza as casas como “o átrio sagrado, o santo dos santos e lugar exclusivo das reuniões da Igreja”.1 Não se trata de uma questão meramente geográfica. A propósito, se a Igreja está fundamentada de forma correta, ela pode até se reunir em auditórios, conforme a necessidade, sem por isso sucumbir à “síndrome de edifício.”
Portanto, a Igreja nos lares não propõe uma mudança geográfica e sim de fundamento. O epicentro da Igreja nos lares é a mesa da comunhão e não o púlpito. Ela está estruturada em torno da família e não em eventos religiosos. O eixo que move a Igreja são as relações pessoais e não programas.
Quando um ímpio olha para a Igreja, ele deve ver um grupo de pessoas que convivem, se amam e se servem entre si, e não um programa com música e sermões espetaculares. Os de fora não devem enxergar a Igreja como uma empresa e sim como uma FAMÍLIA, pois o Senhor Jesus disse que a marca de nossa identidade perante o mundo é o amor que deve haver entre nós (Jo 13:35).
A Igreja nos lares denuncia uma Igreja que possui uma mensagem correta, mas uma expressão distorcida, pois não produz comunidade, somente programas.
Igreja simples
Mudança de estrutura: é a eliminação de qualquer bagagem que não seja essencial à nossa ortodoxia – templos, rígidas liturgias, castas clericais, títulos, vestimentas especiais, credenciais acadêmicas como requisito para o ministério,2 etc.
Como já escrevi anteriormente, a Igreja Primitiva possuia uma certa estrutura sem operar como uma empresa, assim como o corpo humano possui diversos sistemas (digestivo, linfático, nervoso, etc.) sem se tornar um robô. A Igreja simples denuncia uma Igreja que se tornou uma empresa extremamente complexa, burocrática e vagarosa, e propõe um retorno à simplicidade do Evangelho em vários aspectos, principalmente no tocante à liturgia e ao ministério dos santos.
Igreja orgânica
Mudança de sacerdócio: propõe que cada membro, e não somente uma aristocracia espiritual, deve exercer seu sacerdócio.
A Igreja não é uma organização, cujas partes são artificialmente costuradas por estruturas humanamente fabricadas. Ela é um organismo em que, por meio de juntas e medulas bem conectadas (relacionamentos sólidos), os membros funcionam de maneira sinérgica,3 como os membros de um corpo biológico, e ministram entre si de acordo ao seu dom espiritual (sacerdócio universal), pois “todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” ( Ef. 4:16).
A Igreja orgânica denuncia que muitos dos aparatos institucionais inibem a manifestação da multiforme sabedoria de Deus na Igreja, pois condicionam seus membros a serem meros expectadores de um evento religioso conduzido por cantores e pregadores profissionais.
Igreja missional
Mudança de prioridades: a Igreja missional é um povo com uma missão. Não gira somente em torno de sua própria existência como instituição (ECLESIOCENTRISMO), mas traz em si um enfoque missiológico, chamando seus membros para fora de sua zona de conforto, desafiando-os a olhar ao seu redor e a alcançar sua comunidade por meio da generosidade sacrificial.
Pretende derrubar a falsa dicotomia entre “discipulado versus evangelismo” ou “evangelismo versus ação social”, pois todas estas coisas caminham juntas. Propõe a demolição dos muros da religiosidade que separam os cristãos dos “pecadores”, convocando seus membros a “comerem com os publicanos” e a servirem os necessitados ao seu redor com seu tempo, talentos e finanças.
A Igreja missional dissolve os guetos sagrados e insere a Igreja em seu contexto social. Denuncia a pregação de uma mensagem individualista que se resume em salvar o homem do inferno, mas que não o ensina a manifestar o Reino de Deus entre os pecadores. Aponta para uma Igreja ensimesmada cujos santos gastam a maior parte de seu tempo enfurnados em programas igrejeiros e a maior parte de suas finanças em estruturas eclesiásticas.4
Conclusão
Penso que estes quatro pontos, balanceados entre si, refletem a Igreja que nosso Senhor Jesus espera que sejamos nos dias atuais: uma Igreja que nasça na intimidade dos lares, que seja simples, orgânica e missional.
Não creio que estas nomenclaturas representem necessariamente movimentos distintos, mas refletem um mover de Deus que está se difundindo nos últimos anos na Igreja de nosso Senhor como um todo, tanto dentro como fora do institucionalismo cristão. Não existe um movimento que encapsule estas qualidades de forma exclusiva, pois o vento do Espírito sopra onde quer (Jo 3:8).5 Digo isso porque é importante notar que até mesmo parte da Igreja institucional tem sido impactada por estas ondas de reforma e muitas comunidades de transfundo denominacional têm buscado mudanças no intuito de desenvolver uma expressão mais orgânica de Igreja.6
Vejo que, no passado, todas estas coisas vinham sobre o Corpo de Cristo como uma brisa suave e discreta, mas que nos últimos anos têm ganhado mais intensidade. Já posso sentir um vento forte que sopra e que, embora ainda não tenha causado nenhum rebuliço de grandes proporções, já faz ruído e pode ser ouvido por muitos tanto nas casas como nas basílicas.
Ao longo da história da Igreja, muitos confundiram o sopro do Espírito com ventos de doutrina, fechando-se ao mover de Deus em suas gerações. De certo, não está sendo diferente em nossos dias. Entretanto, este ruach de Deus se intensificará mais e mais à medida que o dia da volta de nosso Senhor Jesus se aproxima, adornando a Noiva para seu encontro com seu Noivo.
Fonte: http://paoevinho.org/?p=5282
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