domingo, 27 de dezembro de 2009

O Dízimo é Válido na Nova Aliança? parte IV


De Volta ao Catolicismo


Alguns irmãos, que não são necessariamente antinomianos, podem alegar que tudo o que descrevi acima pode ser ensinado sem que pronunciemos esta palavrinha (dízimo) que lhes dá calafrios por causa dos atuais abusos da Igreja institucional. Estes dizem que devemos dar tudo ao Senhor, e não somente os “míseros” 10%. Já ouvi, preguei e tentei praticar isso. Minha conclusão é que, no tocante à contribuições financeiras na Casa de Deus, este é um ensinamento muito abstrato/teórico e pouquíssimo prático.
Historicamente está comprovado que o dízimo não era visto pelos Pais da Igreja como um tributo religioso obrigatório. Clemente de Alexandria e Irineu (sec. II) apelavam aos seus para que, uma vez que estavam livres da Lei, excedessem os 10% do Antigo Pacto. Entretanto, mais tarde Cipriano (sec. III), Orígines (sec. III), Agostinho (sec. IV) e João Crisóstomo (sec. V) reclamavam da “falta de caridade” entre os seus. Cipriano reclama dizendo que se os santos de Atos dos Apóstolos vendiam suas propriedades para ajudar o pobre, os de sua época “sequer davam o décimo de sua renda”. João Crisóstomo faz o mesmo contraste e elogia aqueles de sua congregação que tinham a prática de dizimar.
Portanto, a história nos dá testemunho de que ainda que seja verdade que o discípulo deve consagrar 100% daquilo que têm e não apenas 10% – servindo o Senhor na totalidade de seu tempo e disponibilizando a totalidade de seus bens para a obra de Deus - precisamos ser mais práticos e ensinar, principalmente às novas ovelhas, uma referência tangível de primícias.
Como pastores devemos rejeitar o mercantilismo religioso que a Igreja Capitalista criou em torno do dízimo, transformando um ato de adoração a Deus e misericórdia para com o pobre em uma simples conta de investimento. Entretanto, não podemos nos dar ao luxo de adotarmos uma postura aparentemente “politicamente correta” e não ensinarmos o povo a contribuir financeiramente na Igreja de acordo com a proporção de sua renda, caso contrário estaremos sendo negligentes e pregando um Evangelho parcial. Se quisermos pregar o Evangelho Pleno, precisamos abordar o tema “finanças” e quando o fizermos precisamos ser práticos. Se falharmos ao darmos ao povo de Deus uma referência mais concreta de primícias, voltaremos à prática católica de dar esmolas na Casa de Deus.


Nenhum comentário:

Postar um comentário