“Olha para a minha aflição e para a
minha dor, e perdoa todos os meus pecados.
Olha para os meus inimigos, pois se
vão multiplicando e me odeiam com ódio cruel.
Guarda a minha alma, e livra-me; não
me deixes confundido, porquanto confio em ti.” Salmos 25:18-20
Uma das experiências mais dolorosas que tenho
enfrentado nesses últimos dias, tem haver com o título deste artigo que prefiro
chamar de uma confissão.
No ano que se passou enfrentei situações bem
difíceis no que diz respeito a casamento onde por fim tive que encarar a
realidade de um divórcio. Foi tudo muito rápido e talvez por isso muito difícil
de se assimilar tamanha dor e confusão em minha mente, em meu coração.
Antes disso, tudo parecia ir tão bem, eu pregava em
uma comunidade carente onde Deus estava operando, pessoas tristes não estavam
mais tristes, pois haviam descoberto a alegria no senhor, pessoas aprisionadas
em drogas, ou depressão estavam agora livres, por conta de um encontro genuíno
com o Cristo que Liberta, a palavre esperança começara a fazer sentido em uma
terra onde tudo oque eles conheciam era rejeição, miséria e dor.
E não para por aí, pois em 2012, a coisa parecia
que iria decolar de vez, pois foi o ano que consegui um apoio maravilhoso de
pessoas que tinham experiências
maravilhosas no serviço do reino e ainda eu havia acabado de ser “ordenado” ao
ministério pastoral.
Começamos então a trabalhar como nunca, tudo
parecia que ia muito bem, porém como de praxe, quando as coisas vão bem demais,
pode estar na verdade sendo o prenuncio de uma grande tempestade.
Quando lidamos com evangelização e discipulado, é
bem verdade que estamos diretamente envolvidos em uma batalha espiritual pela
eternidade, pois cada palavra, cada decisão, cada passo pode ser determinante
para influenciar o destino de pessoas. Então podemos esperar muitos contra-
ataques do inimigo, que se a graça de Jesus não nos guardar será impossível de
seguir. Para um envolvimento nesse porte, você não pode ser convidado por um
ministério, ou por pessoas a se envolver, mais tem que ter consciência de que
foi o próprio Cristo que te ungiu para tal obra, caso contrário, quando se
manifestar os primeiros obstáculos, você facilmente se desviará.
Antes mesmo de meu divórcio acontecer, um cenário
parece que foi todo preparado por satanás. Não sou daqueles que tudo culpam o
diabo, porém não tenho o direito de ignorar seus ardis e astutas ciladas
elaboradas contras os filhos de Deus.
Devido a nossa intensidade em servir, e os vários
obstáculos enfrentados, foi notório como fomos atingidos em nossos
relacionamentos e como isso foi causando desgastes no corpo de Cristo
representado ali pelo nosso grupo. Entre nós pessoas começaram se desentender
por motivos que até hoje não sei como surgiram, mais que estavam ali. Com isso
as conversas paralelas foram surgindo, onde inclusive participei de algumas, e
sem demorar muitos alguns foram se afastando e abrindo mão de suas posições.
Não entendi de motivá-los a seguirem, porque sempre fui ciente de que quando Deus
nos chama a fazer algo, não podemos recuar, e se recuamos pode ser porque Deus
nunca tenha nos chamado a estar ali, e tudo não passara de uma empolgação.
Porém quando as pessoas saem, parecem que ficam na
torcida para que algo de errado e assim surja o grande jargão religioso: “ Eu
sabia que tinha algo errado!” “Deus estava me falando para afastar, pois havia
algo errado!”. Não estou inventando isso amados! Essas coisas aconteceram!
A mais chocante foi quando o meu divórcio ocorreu,
um casal do qual eu considerava muito, eles afirmaram que sabiam que meu
casamento iria afundar, que era só capa, porém mesmo convivendo conosco, nunca
se aproximaram ou nos chamaram para conversar! Mais é claro, eles tinha apenas
a revelação pra eles e para compartilhar com alguns outros “irmãos” como prova
de sua intimidade com Deus assim que suas previsões acontecessem.
Sabe quando Urias estava na frente de batalha e os
soldados se retiraram? Foi assim que me senti! Porém urias não tinha amigos
como eu, três pessoas enfrentando tudo e todos, entraram lá no meio da batalha
e me retiraram mesmo estando quase morto, por isso agradeço muito pela vida de
Janai, Marcio e Gisele. Nunca poderei pagar oque fizeram por mim!
Por fim, no início de julho de 2012 foi quando
aconteceu a minha separação, e aí quando parecia que as coisas não poderiam
mais piorar, foi quando me enganei.
Algumas pessoas prontamente vieram até mim buscar
me fortalecer, oque foi um grande bálsamo, pois a dor era grande demais. Essas
pessoas certamente sabem como foi grande a minha dor!
Porém como de costume, algumas deles começaram a
se afastar, a ter medo ou nojo de mi, era assim que eu conseguia enxergar. Pra
piorar, tinha aqueles que estavam com peninha de minha dor, mais nunca foram
capazes de se aproximarem para orar comigo, ou mesmo me aconselhar. Comparados
a esses, prefiro aqueles que me odiavam , pelo menos eram mais honestos em suas
atitudes e atos.
E o tempo foi se passando, e através de alguns
irmãos consegui até uma ajuda psicológica, mais a dor era tamanha que não
conseguia nem orar direito. Meu coração perecia estar ressentido contra Deus!
Mais como culpar Deus sabendo que Ele não erra? Como dizer que Ele me deixou só, se a Bíblia que eu pregava
dizia que Ele estava sempre presente? Como culpar Deus se há algumas anos atrás
eu havia lido um poema intitulado: “Pegadas na areia.”?
Mais não havia ninguém. Pra não dizer que não fui
procurado, é bem verdade que algumas pessoas ligavam perguntando como estava,
(Acredite! Mesmo sabendo de minha dor eles perguntavam!) eu tentava responder
educadamente, no final elas diziam a
frase mais indiferente que conheci nesses dias: “ Olha, se precisar pode contar
comigo, apareça em minha casa que assim poderemos sentar e conversar juntos!” .
Era muito claro pra mim que essas pessoas estavam mais afim de aliviar suas
consciências do que buscar me ajudar.
Estou sendo muito duro?! Leia até o final e depois pense no que foi escrito!
Em um momento em que meu coração estava muito
agoniado, resolvi atender um desses pedidos. Pensei comigo mesmo: “ Devo estar
sendo orgulhoso, pois oque me custa ir até essas pessoas já que estou
precisando?” Então fui, chegando lá para almoçar com meus anfitriões, tive de
fazer minha refeição sozinho, pois estavam muito ocupados com seu lazer e sua
diversão. Me contive o quanto pude para não parecer grosseiro, e saí assim que
tive a primeira oportunidade. Não preciso dizer que nunca mais apareci lá,
mesmo com convites insistentes.
Bem, essa foi uma das muitas experiências de
amizade que tive, e como já não bastasse, no mês de outubro conheci uma pessoa
que despertou meu interesse. Meu divórcio já estava em andamento e em Dezembro
começamos a namorar.
Você não tem ideia como apareceram pessoas
espirituais para me condenar! As pessoas começaram a vir até mim, dizendo que
eu estava em pecado, que eu estava transgredindo a lei. Elas começaram a
encontrar tempo e disposição de virem a mim, ficando óbvio que minha dor não
era tão importante quanto o meu pecado.
Além das pessoas que citei lá atrás, todos ou
tinham ainda mais desprezo por mim, ou tinham uma “revelação” de deus contra o
meu pecado. Comecei a ser tema de conversas nos horários de intervalos ou de
refeições. Ao ponto de nem pra minha liderança eu ter o direito de me expor ou
confessar meus pecados. É claro que tinha alguém tão espiritual que precisava
fazer isso na minha frente e do jeito dela. Me respeitar pra que? Eu já estava
em pecado e condenado por Deus!
E a cada dia que se foi passando ficava mais claro
que minha dor não era tão importante a ponto de haver uma mobilização
proporcional ao meu pecado.
Uma lição com isso tudo é que sim, existem pessoas
que são suas amigas independente de você. Elas não andam armadas, ou com medo
se misturar a um leproso como eu, pelo contrário, elas sofrem com tudo isso e
por isso se aproximam a ponto de fazer o máximo esgotando todas as
possibilidades de te ajudar!
E essas pessoas só existem por conta da bondade de
Deus! Deus não é responsável pelas consequências de nossos pecados, e é
totalmente responsável pela total reparação deles e por isso usa pessoas
imperfeitas mais obedientes a Ele.
Quero encerrar essa confissão pedindo perdão a
pessoas que tratei segundo seus pecados, e não segundo a sua dor. Perdão a
todos aqueles que esperavam de mim um abraço, ou uma mão, e tudo que receberam
foi o meu olhar frio e de falsa compaixão quando estavam precisando de ajuda!
A vida continua, e desejo em Deus ser ministrado
por sua misericórdia e graça, para poder novamente alegrar o Seu coração
gracioso. Sinto tanto em ter pecado contra Ele! Sinto tanto olhar mais para
minhas feridas do que pra Ele. Sinto tanto valorizar pessoas indiferentes ao
invés dEle!
Oh! Deus sinto tanto! Tem misericórdia de mim!
Com sinceridade; de um pecador... Luciano Couto
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